Publicado às 05h38 desta terça-feira (13)

Por Ivanildo Salvador, faroleiro de Serra Talhada

Eleito em 1988 para vereador do Rio De Janeiro o hoje Presidente, Jair Bolsonaro, acumulava uma carreira política vitoriosa em mais de 30 anos, independente da sua atuação como parlamentar. Desde a sua primeira investida na política se fez valer da sua notória posição calcada no autoritarismo e até mesmo na violência trazendo consigo o gene do militarismo e tendo a ala evangélica como uma grande base eleitoral.

Então, em meio à sua controversa atuação como parlamentar veio a coroação da sua carreira política. No dia 01 de Janeiro de 2019 assume, enfim, ao posto de Presidente eleito do Brasil, valendo-se das desastrosas administrações do PT, mas precisamente da ex-presidente, Dilma Rousseff, herdeira de uma dívida impagável e insustentável para com a população deixada pelo seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Da Silva.

Assim, a imagem do político chamado de mito chegava ao poder com um discurso diferente daquilo que se conhecia até então. Para muitos era o fim da barganha política, do toma lá, dá cá….dos privilégios e, principalmente, da corrupção; era o resgate do valor familiar. Então, seu Governo chega paralelamente cheio de desafios nunca imagináveis, tudo parecia conspirar contra a sua gestão! O mundo todo sofreu o abalo da pandemia do Covid e teve de se adequar aos seus estragos!

Enquanto o mundo procurava amenizar os efeitos da pandemia, infelizmente a atuação do nosso Presidente em seu enfrentamento foi lamentável em todos os aspectos! Mal assessorado, mal informado e mal instruído…fez tudo aquilo que não deveria se fazer e a colheita daquilo que ele plantou durante o transcorrer da pandemia veio e os frutos não foram os esperados. Para completar a sua má gerência administrativa, o Presidente erroneamente preferiu travar um embate desnecessário com o Judiciário e quis transferir um poder inexistente às forças armadas como querendo criar um conflito entre as duas instituições.

Precisando de apoio no Congresso Nacional começou abrir o cofre e espaço para uma ala da política que ele sempre condenou enquanto parlamentar, aquela que apoia quem lhe der mais, quem lhe oferecer mais, a chamada de Centrão! Assim, diante dessas suas novas posturas, aos poucos seus milhões de apoiadores foram se dissipando. Ainda contando com outros tantos milhões, não mais de seguidores, mas de fanáticos; o Governo se apegava ainda mais em seus antigos discursos deixando cada vez mais evidente o seu desejo de que para mudar e melhorar era preciso se apartar.

Tentou criar uma imagem nefasta do Congresso Nacional com a falsa ideia de que é impossível governar tendo a atuação daquela Instituição, mas percebendo que lá precisaria cada vez mais de apoio político fez do seu gabinete um verdadeiro balcão de negócios para enfrentar uma nova pandemia que crescia cada vez mais Brasil à fora, a chamada Lulismo! Agora o povão já se esquecera da recente história do ex-presidente vendo novamente nele uma solução para enfrentar os graves problemas do governo Bolsonaro.

Este, inerte perante as dificuldades da população ainda vê surgirem os primeiros casos de corrupção em sua gestão afastando o governo da unanimidade quando jurava que tal praga não atacaria o seu governo, mas os casos apareceram e o Presidente voltou a sua artilharia contra quem divulgava tais denúncias declarando guerra à outra eterna desafeto dele, a mídia! E as eleições se aproximam e o antes fantasma chamado Lula vira uma realidade tendo o nosso Presidente não percebido que eram seus erros administrativos quem ressuscitavam aquele fantasma!

Assim, o nosso Presidente se apega definitivamente ao Centrão em busca de aprovar os mais escabrosos projetos, ultrapassando limites de gastos e não respeitando as leis orçamentárias vigentes chegando ao absurdo de se criar até um “orçamento secreto” em busca de garantir a sua reeleição! E bilhões e bilhões de dinheiro foram liberados, arrecadados, doados, transferidos de Ministérios (que o diga o Ministério da Educação, a pasta mais sacrificada em sua gestão ), tudo em prol de uma reeleição que dava nítidos sinais de desgastes!

Vem a campanha eleitoral, a falta de atuação do Governo no momento da pandemia era explorado pelos adversários assim como a sua falta de ação perante a disparada dos preços, principalmente dos combustíveis e a crise econômica pungente. Então, o Governo escancarou de vez as finanças e deixou exposta a sua verdadeira face igual às outras e a sua inabalável postura de guardião dos princípios éticos desapareceu! A sangria nos cofres jorrou sem qualquer limite manchando a imagem do político diferente que o Presidente tentou passar para a população.

Tudo era permitido em prol de uma reeleição acreditando naquela velha lógica dos políticos: que dando esmola para os miseráveis se garante qualquer eleição. Porém, não teve jeito, nem mesmo os bilhões de reais utilizados em sua campanha fizeram o Presidente ser reeleito sendo o primeiro Presidente a não conseguir tal feito!

E estamos chegando ao final o Governo, Bolsonaro. Este pela primeira vez perdeu uma eleição e pelo que demonstra, acusou o golpe, não aquele que ele tanto tinha em mente, mas o que dói na alma. O ainda Presidente não assimilou a derrota, está recluso, envergonhado, sem saber o que dizer àqueles que fielmente como ele davam por certa a vitória. Agora é tarde para eles e sem essa de ainda sonhar com essa idiotice de fraude nas eleições, de não vai assumir…acordem para a realidade, não se deixem enganar outra vez.

O momento é de se pensar no futuro, queiram ou não a verdade virá à tona já que mais um equívoco o atual Presidente cometeu em sua gestão deixando como herança ao decretar um tal de sigilo de 100 anos das suas decisões, coisa nunca antes feita. Só nos resta saber agora o que ele tanto tenta esconder, o que ele fez no período dessa campanha?

Será que isso seja o motivo da sua reclusão pós eleição, do seu silêncio, do seu tormento sabendo que quando a caixa de Pandora se abrir o seu destino será traçado e exposta toda uma verdade que até o mais fiel dos seus soldados ainda insiste em não querer saber.