Do G1

A Polícia Civil do RJ iniciou, nesta terça-feira (6), a Operação Brutus, contra uma milícia que explora o comércio de Madureira, na Zona Norte do Rio, mediante extorsões.

Há buscas na prefeitura, na Câmara de Vereadores e na Guarda Municipal do Rio. Um dos alvos é um guarda municipal que, segundo a polícia, trabalhou no gabinete da vereadora Vera Lins (Progressistas), que não é investigada.

O advogado James Walker Júnior, que defende a vereadora Vera Lins, disse que todos no gabinete viram a operação “com grande surpresa”. Segundo Walker Júnior, o guarda municipal suspeito saiu do gabinete há quase dois anos (veja mais abaixo).

A Guarda Municipal informou que vai abrir uma sindicância para apurar a denúncia envolvendo os servidores e se colocou à disposição das autoridades.

Taxas semanais

De acordo com a Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial, os milicianos extorquiam dinheiro de camelôs, de lojas e de supermercados da região.

A delegacia identificou, por exemplo, que um shopping pagava R$ 15 mil por semana aos criminosos para conseguir funcionar. Estacionamentos tinham de entregar R$ 2 mil semanais, e camelôs, R$ 1 mil por semana.

Veja também:   Grande empresa de ST é alvo de investigação do MPPE

Genivaldo Pereira das Neves, o Popeye, é apontado como o chefe da quadrilha. O nome da operação faz referência ao personagem do desenho animado e ao rival dele, Brutus.

Entre os endereços visados, estavam:

a Secretaria Municipal de Fazenda, na Prefeitura do Rio;
um gabinete da Fiscalização de Controle Urbano, na prefeitura;
o gabinete da vereadora Vera Lins (Progressistas), na Câmara Municipal — o alvo é um funcionário dela;
a sede da Guarda Municipal em Madureira;
a Região Administrativa do bairro;
o Campo do Falcon, área dominada pela milícia e o QG da quadrilha;
depósitos.

A delegacia afirma ainda que a milícia de Madureira se uniu a traficantes do Morro da Serrinha e a outro grupo de paramilitares de Campinho para aumentar a força da quadrilha.

A Operação Brutus é um desdobramento da Operação Esculhambação, em abril de 2019, que atuou no comércio de produtos falsificados na região de Madureira.

Veja também:   Gin faz ataques contra Vandinho e Duque

Na ocasião, foram apreendidas cinco toneladas de produtos.

Os investigadores identificaram, em Madureira, uma espécie de omissão dos órgãos responsáveis pela organização do espaço público.

O Campo do Falcon

A área batizada de Campo do Falcon inclui, além de um campo de futebol, pequenos apartamentos e um estacionamento.

Segundo moradores da região, é frequente a presença de homens fortemente armados ali.

O espaço, doado pelo governo estadual para a construção de uma unidade do Detran, foi tomado por milicianos quando Marcos Falcon, ex-policial e presidente da Portela, assumiu a área.

Falcon foi assassinado por criminosos em setembro de 2016. A polícia investiga se a morte dele foi pela disputa da exploração do comércio de Madureira.

O que dizem os envolvidos

Advogado de Vera Lins, James Walker Júnior afirmou ao G1 que o guarda municipal “não está mais lotado no gabinete há mais de dois anos”.

Veja também:   Homem é alvo de ataque e é ferido no pescoço e cabeça em ST

“Ele é um guarda municipal concursado da prefeitura e que foi requisitado através da Câmara para trabalhar no gabinete. Se ele é o motivo para a investigação no gabinete da vereadora, bastaria enviar um ofício, um pedido, que saberia que ele não trabalha mais lá”, disse.

“Isso é uma violência, que tem muito de gestão política. É uma tentativa de manipulação política por parte da Polícia Civil. Isso é um abuso de autoridade”, emendou.
Em nota, a Guarda Municipal disse estar “à disposição da Polícia Civil para colaborar com as investigações”. “A Guarda abrirá sindicância para apurar a denúncia envolvendo os servidores”, disse.