Por João Novaes, Engenheiro Civil, Pós- Graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia
Todos aqueles que passam em frente à Câmara de Vereadores de Serra Talhada observam algo interessante: existe um desnível na calçada que obriga os transeuntes a fazerem malabarismos arriscados: ou pular ou deslocar-se até a via de tráfego de veículos, arriscando suas próprias vidas. Este tema é inesgotável, pois, não se trata apenas, daqueles que possuem alguma deficiência em sua mobilidade e encontram diversas barreiras ao longo das vias públicas e prédios inadequados, estes sem rampas ou elevadores que permitam o acesso aos pavimentos superiores ou mesmo para vencerem desníveis.
Existem as barreiras sociais, por exemplo, o transporte escolar funciona totalmente equivocado, pois, não permitem que os estudantes que moram na zona rural se desloquem com segurança para suas escolas, é comum vermos esse tipo de transporte ser feito em carros improvisados, já aconteceram diversas mortes quando os jovens caem desses veículos.
Inclusive, uma forma de minimizar o trânsito caótico da cidade, seria a implantação de várias linhas de ônibus (coletivos) com um mínimo de conforto possível , regularidade e pontualidade ligando os diversos bairros ao centro comercial.
Na saúde, a situação é semelhante, pois, quem não se lembra daquele morador da localidade da Baixa Renda que faleceu por falta de um transporte apropriado, ou seja, de uma ambulância para levá-lo até um hospital. Fica visível o desinteresse dos governantes em relação à saúde, pois, enquanto várias pessoas morrem ao deslocarem-se para o Recife, existe aqui na cidade um prédio recém construído, o tal SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que dia a dia deprecia-se por falta de funcionamento e manutenção, isto por causa dos entraves burocráticos ou interesses espúrios.
CALÇADAS INSURPOTÁVEIS
No meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de um curso de Pós-Graduação, o tema escolhido foi exatamente este: “A acessibilidade como inclusão social” e, um dos capítulos tem o título: Calçadas insuportáveis.
Então, todos precisam saber que a calçada faz parte da Rua como um todo, sendo o espaço entre os meio-fios para o tráfego de veículos e o espaço compreendido entre o meio-fio e a parede da casa ( alinhamento da Rua) também chamado de passeio público para o tráfego de pessoas.
São calçadas insuportáveis todas aquelas onde existam veículos estacionados ou material de construção.
E mais, todas as calçadas deveriam ser construídas com a mesma inclinação da pista de rolamento de veículos e não em nível com o interior do prédio residencial ou comercial, isto serve para os prédios públicos. São também consideradas insuportáveis aquelas com grandes rampas que, às vezes, tem seu início antes da linha d’água.
De uma forma geral, a Norma que regulariza a acessibilidade é a NBR 9050 – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamento Urbanos, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Nesta Norma consta o Dimensionamento de rampas.
Em tempo, saibam todos que no Código de Obras do Município existe um artigo que normatiza a colocação dos “tapumes” nas calçadas, ele diz que deverá ser deixada uma distância mínima de 80 (oitenta) centímetros com relação ao meio-fio para a passagem de pedestres.
A Organização Mundial de Saúde estima que 3% ( três por cento) da população mundial possui alguma deficiência física, então, somente no Brasil existem 6.000.000 (seis milhões) de pessoas.
De modo que, tudo é uma questão de consciência, pois, podemos enganar a todo o mundo, só não conseguimos enganar a nós mesmos.
3 comentários em OPINIÃO: A acessibilidade como inclusão social e as calçadas insuportáveis