noticiafoto-47df190aab9fab348c961972e9bbafd8Por Luciano Menezes, Historiador com Pós Graduação em História do Brasil e Geral

A forma de educação moderna consolida, por razões econômicas, a finalidade da LDB, ou seja: educar para o trabalho – formação de mão-de-obra, sobretudo, a baratíssima. Educação rápida, enxuta, flexível, compactada, destinada primordialmente aos pobres; educação de caráter taylorista – fordista, (adentre no mundo do trabalho produzindo muito em pouco tempo, ganhando somente o necessário para não morrer de fome). Nesse modelo de educação acrítico e empobrecedor as ordens ocultas são: “leia pouco ou nada! Dê preferência aos resumos, textos sintetizados, livros sem a menor profundidade intelectual e distantes das questões sociais. Prefira o filme e não o livro; “gênio” é o ser supremo dos cálculos; as matérias mais relevantes são Português e Matemática. Pra que serve Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Antropologia? Que reduzam as horas disso tudo”.

Nessa pedagogia da domesticação o que predomina é uma educação onde jamais se deve pensar criticamente. Esse dogmatismo educacional já construiu o “certo” e o “errado,” agora só resta ao aluno repetir tal qual um papagaio. Em seus processos mnemônicos permanecem numa eterna decoração engessada, mecanizada: memorizam fórmulas, compostos, datas, fatos. Apoiados nos “vade mécuns” da vida padronizam realidades e pessoas; e essa autodisciplina fechada e doentia segue “educando” desde os jovens da educação básica até os doutores, quer seja, aqueles do senso comum ou aqueles com o título acadêmico.

A princípio, a educação moderna tem como objetivo formar polivalentes, técnicos, “Bombril” que se destinam as esmolas do subemprego. Fato criticado não somente por Saviani; essa é a pobre função da educação que faz promessas a todos os ouvidos passivos que sempre ouve e repete a informação de rebanho, de forma massificada.

De um lado, temos o rebaixamento do ensino para as camadas populares, do outro, a educação decoreba de competidores, mercantilizada e desvinculada da vida real. Por meio de acumulações de superficialidades, estabeleceu-se um dualismo escolar, porém prevaleceu a banalização, a “aula show,” e as infinidades de cursinhos. Uma educação subalterna da economia, que também é uma característica dos níveis superiores e a cada segundo surge uma nova instituição, um novo curso.

Ávidos por dinheiro e status, na maioria das vezes confundem diploma com competência, ensino com aprendizagem; realidade também presente nas universidades públicas, que seguem mergulhadas em suas produções, de circulação somente entre os seus muros e que, segundo Nildo Ouriques, caracteriza uma farsa intelectual presa ao imobilismo, quase sempre sem nenhuma validade social. Nessa sociedade dos diplomados, o certificado muitas vezes tem sido uma forma de manipulação mercadológica e de falsa superioridade – um arrivismo sócio acadêmico.

Assim, numa análise mais ampla, o que se percebe é uma vasta domesticação de educandos e de educadores, presos à “esfera do ter” e distantes das “concepções do ser”. É necessário observar as palavras de Ivan Illich: “criam-se empregos, destinam-se verbas, independentemente do que o aluno vá absorver”.