Por Adelmo Santos (Adelmo da Favela )

Dia 24 de novembro foi o Dia Mundial dos Rios. No mundo inteiro houve manifestações e protestos contra as degradações que vem acontecendo com os rios. E aqui em Serra Talhada, houve algum protesto contra degradação do Rio Pajeú? Um rio que vai se acabando, cada dia agonizando e ficando esquecido. Será que as águas do rio foram pra dentro da bacia?

Uma bacia hidrográfica com nova diretoria, sem ter rios, sem  ter águas, criada na utopia. E os ambientalistas fizeram o que nesse dia? Cadê a sociedade que não se conscientiza  para defender o rio? O rio é aquilo que o povo quer, ele é público não tem dono. Há pouco tempo houve um grito de “Vem pra rua!” Cadê o grito de “Vem pro rio!” Eu tô aqui meu Pajeú, para defender você.

As únicas armas que eu tenho é o papel e a caneta, a munição é o saber. Para defender você em qualquer lugar que eu esteja. Vejo um rio imaginário, não tem margem, não tem leito, é um rio cheio de donos, que não tem nenhum respeito. Meu querido Pajeú, se eu pudesse  lhe pegava, levava pra minha casa, e protegia você. Se continuar assim, um rio sem margem e sem leito, no quintal da minha casa um dia vai lhe caber.

Rio Pajeú, toda vez que eu lhe vejo no estado que está, sinto uma dor no meu peito desaguando em meu olhar. Quando eu olho pra você, eu sinto uma agonia, não sei de onde o rio vinha, nem pra onde o rio ia. Abastecia a cidade, dava cultura e lazer, e só recebeu maus tratos, só lhe fizeram sofrer.

O seu leito é um buraco, quando o inverno chegar e encher o rio d’água não vai dar pro rio correr, por não saber onde estava. Estou protegendo o rio dentro do meu coração, o rio continua lindo na minha imaginação, bem limpinho cheio de peixes, tem piabas, tem mandinhos, está cheio de dourados.

Mas cuidado com as traíras que estão por fora d’água acabando com você. Meu querido Pajeú, eu quero lhe dizer baixinho, pertinho do seu ouvido para ninguém escutar. Sabe aquele seu amigo que lhe espera há tantos anos? E você não chega lá, com essa seca medonha lhe impedindo de chegar. Cansado de esperar, fizeram a transposição e ele entrou pelos canos, ele está procurando querendo lhe encontrar.