capitalism


Goottembergue Mangueira é serratalhadense e professor da rede estadual de ensino

Apesar do mundo pós- moderno ter nos acordado das utopias prometidas e não cumpridas pela modernidade (uma espécie de pesadelo) traz no bojo de suas “mutações” sociais, elementos que tornam o ser humano menos humano e a tecnologia, a fama, o dinheiro e o poder cada vez mais imponentes, atrativos, admirados e cobiçados por todos.

O deslumbramento com as babaquices da internet, programas como o BBB, e o lixo musical veiculado pela mídia é característica de uma sociedade que se não sabe onde está, nem para onde vai. Esse lixo que despejam todo dia nos olhos e nos ouvidos das pessoas é mais “vitrinado” do que as boas atitudes humanas, a inteligência, o bom caráter, a honestidade, a moral e a ética.

A ideia de que tudo é válido, que não há mais fronteira para nada, de que podemos caminhar para qualquer lugar ideológico porque tudo é a mesma coisa, de que a história perdeu seu rumo, habita o inconsciente social,  levando as pessoas a agirem sem pensar e quase sempre de maneira homogênea e equivocada.

Assumir posições antagônicas ao processo de construção do pensamento social organizado e controlado pela máquina neoliberalista, nem sempre é fácil, pois equivale a andar na contramão do “progresso”. Fala-se em aceitação das diferenças e em liberdade, mas na prática não é assim. As pessoas estão cada vez mais preconceituosas (não é tão visível por causa do rigor da lei), presas ao consumismo e mergulhadas no seu “eu”.

As forças que empreendem o “oquismo mental” e esvaziam a emoção dos seres humanos é quase imbatível. Vencer a luta contra esses “monstros” encarnados  na alma da sociedade requer um  amplo e “novo renascimento” cultural que aponte na direção da criatividade, da valorização daquilo que realmente tem valor.

Nesse mundo dominado pelo pragmatismo capitalista, há um sinal aberto para a ignorância, o analfabetismo, a ambição cega, inconsequente, desenfreada, a falta de compromisso com a ética, e um fechado para a consciência de que está havendo um cerceamento do discurso daqueles que ainda têm cérebro, sem contar com a aniquilação sutil das chamadas minorias ideológicas.

As mudanças provocadas na arte, no teatro, na televisão, na dança, nas formas de expressão cultural, promovendo novos conceito e contatos com as pessoas, foram mais do que válidas, porém, por outro lado, houve um desalinhamento preocupante da ética social.

A estrutura de uma sociedade escravizada pelo neoliberalismo econômico, esquecida pelo poder público e esfacelada pela ignorância nos faz compreender melhor o porquê de certos fenômenos epistemológicos, axiológicos, políticos e culturais nela ocorrerem. E se aplicarmos as lógicas dos pensamentos marxistas e freireanos sobre, respectivamente, capitalismo e consumo, sujeito e objeto, chegaremos aos pressupostos filosóficos que estão subjacentes às formas de pensar e agir das pessoas no mundo contemporâneo.

Da mesma forma que não acredito mais na educação (do Brasil) que está sendo engolida pelos governantes e por uma “ruma” de babacas-babões provincianos que visam apenas poder e dinheiro, não creio numa reviravolta ideológica que recoloque o mundo nos trilhos do verdadeiro progresso humano, sem a decadência da moral e dos bons costumes ensinados pelos nossos pais durante décadas.