Por Luciano Menezes, historiador

“Enquanto o governo trabalha medidas, segue regateando e aumentando a mão-de-obra barata em todos os seguimentos, a classe médica reage. A medicina moderna que surge aproximadamente no fim do século XVIII, hoje possui unidade em corporação e faz uso de um discurso que tenta inserir uma massa ao seu favor.

Será que as preocupações dessa classe estão voltadas para a qualidade dos profissionais importados? Será que os “riscos” que correm a população é o verdadeiro motivo das insatisfações? A medicina que está totalmente ligada à economia capitalista se tornou medicina mercantil, muito mais preocupada em lucros e status, agora sente a necessidade de proteção frente ao governo proliferador de escolas técnicas, dos cursos técnicos, das desvalorizações do trabalho.

A classe médica que tem unificação mais fortalecida no tocante as classes tenta legitimar o “perigo” dos médicos estrangeiros. Numa justificativa de saber que se opõe e rechaça os demais, como afirma Foucault, um tipo de poder que estabelece “verdades” poderosas e intocáveis.

Agora se fala também em professores importados. Mas, onde está a unidade tenaz dos professores? Será que teremos mobilizações contrárias a essa medida? Quais os riscos e efeitos de um médico estrangeiro ou não diagnosticar erroneamente um determinado caso e de um professor extirpar as possibilidades de ascensão dos alunos?

Talvez seja necessário um olhar mais profundo, uma argúcia que possibilite entender esses aspectos de grande relevância social. A educação e a saúde como razão primordial, contudo, onde se priorize a vida, o homem, e que ambos sobrepujem as corporações e classes que visam valores financeiros a cima de tudo”.