Por Adelmo Santos, escritor de Serra Talhada autor do livro “Menino Malino”
As galinhas que estão aí na frente, dos ovos que vocês botaram quantos pintinhos nasceram? Não nasceram quase nada, a maioria foi para vender nos mercados. Nós temos que nos unirmos com a maior dedicação, para a gente ficar livre do homem, deve haver revolução”. O porco perguntou se algum bicho queria falar, o cachorro pediu a palavra dizendo que não tinha nada a reclamar, que vivia solto nas ruas correndo dum lado pra outro sem ser incomodado por ninguém. Enquanto o carro do zoonoses estava sempre vazio.
O cavalo disse que ele era quem mais trabalhava e quando ficava velho era sacrificado. O jumento disse que sentia muita falta do cantor Luiz Gonzaga, que o considerava como um irmão, e que agora vive abandonado pelas as estradas do Sertão, e contou que escapou por um triz no abatedouro de Salgueiro, dizendo que ele era um dos cinco jumentos que estavam na fila para serem abatidos. O bode disse que não aguenta mais pagar a taxa dos bombeiros, e que quem governa um estado cobrando uma taxa dessas não tem condições de ser presidente de um país.
A vaca quis saber porque mesmo com a transposição das águas do Rio São Francisco o rodízio continua, e o porco explicou dizendo que enquanto o Rio é perene, a COMPESA é temporária fazendo o rodízio e deixando os animais sem águas.
O macaco elogiou muito a Central Dos Conselhos de Serra Talhada, dizendo que o prefeito foi muito bem aconselhado quando tomou o café da manhã no Mercado Municipal. E todos os bichos riram, gritando: “ O macaco tá certo!”
O burro disse que não entendia porque um rio como o São Francisco, com 2830 km de extensão, e um volume d’água de 2943 metros cúbicos por segundos, iluminando todo o Nordeste com a sua usina hidrelétrica, não estava conseguindo abastecer Serra Talhada sem fazer rodízio. O porco explicou para os bichos dizendo: – Todas essas medidas juntas formam o tamanho da incompetência, que mesmo com esse volume d’água nos canos, não consegue abastecer a cidade sem rodízio.
O gato estava nervoso e queria saber porque o INSS aplicou sete vezes o fator previdenciário na sua aposentadoria. Disse que depois disso não consegue mais viver sem dar seus pulos. O tamanduá também falou, disse que enquanto o governador inaugurava a primeira aula do curso de medicina na cidade, viu um ônibus do programa “Caminhos da Escola” no caminho do hospital, carregando pacientes.
A cabra queria saber se os alunos que vem da zona rura,l em cima de caminhão pau de arara, vem cantando o hino nacional. O porco riu dizendo: – Eu acho que eles vem cantando é “A Triste Partida, mesmo.” E assim acabou a reunião dos bichos, com o porco pedindo mais união para eles cobrarem e exigirem os seus direitos
8 comentários em OPINIÃO: A revolução dos bichos coloca contra a parede os pecados dos homens