Por Adelmo Santos, poeta e escritor serra-talhadense

Aproveito essa oportunidade para prestar uma homenagem ao amigo Nêgo Lô, que a pouco nos deixou. Antes do Estádio o Pereirão, era um campo de terra. Onde os times de futebol da cidade jogavam. Em volta era cheio de sítios com diversos tipos de frutas como: caju, manga, goiaba e laranja. Isso fazia com que toda vez que tinha jogo, algum menino entrasse num sítio para roubar frutas.

Um dia Nêgo Lô entrou num sítio para pegar uma melancia, e o dono apareceu com uma espingarda soca-soca. Uma espingarda comprada na feira, muito usada. Era um tiro e uma carreira. O tiro era de sal só para assustar, geralmente era dado na bunda, o ladrão ficava com o rabo quente e salgado.

Nêgo Lô vendo o dono do sítio com a espingarda na mão correu com a melancia e pulou dentro do Rio Pajeú. De cima da ribanceira o dono do sítio atirava e gritava: “Eu vou matar você!” Enquanto Nêgo Lô agarrado com a melancia descia rio abaixo. O Rio Pajeú era um rio alegre cheio de vida, tinha praias e correnteza. Despejava no Rio São Francisco por força da natureza. Nêgo Lô nadava, mergulhava e subia sem soltar a melancia. Quando o homem atirava Nêgo Lô dava risadas, e quando o homem gritava: “Eu vou matar você!” Nêgo Lô respondia: “ Você me mata mais dessa mãe come!”