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Por Alejandro García, repórter fotográfico do Farol de Notícias

Era só para fazer umas fotos da rua-pracinha no bairro da Conceição, mas não posso deixar em branco um assunto que não se esgota com imagens. Já morei nessa rua. Perto da igreja. E fiz boas amizades com vizinhos super-gente-boa. (Carlito, ainda lembro de tu). Faz anos, e já na época os bancos estavam quebrados e o pessoal organizava o dominó em médio a tralhas e cacarecos. Ninguém reclamava, mas sei que não gostavam desse espaço pouco bem tratado.

A Santa servia de varal, mas não reclamava por isso, porque quem cuidava dela não a deixava abandonada. Ao final, ficava com um cheiro gostoso de roupa limpa. Tinha uns pés de flamboyant plantados por uma senhora que não lembro o nome. Um doce de mulher. As plantas adoravam seus cuidados. Uma rua mais encima outra vizinha bem gentil se dedicava toda manhã a cuidar de um jardinzinho de pouco mais de dois passos por dois. Outra doçura de gente, mais não falava muito comigo se eu não falasse com ela. Descendo, antes de chegar ao rodeio, aí sim. Uma vizinha tomava conta de um jardim de meio quarteirão. Até girassóis cheguei a ver alegrando o passeio com sua vaidade amarela.

Já próximo da igreja, a coisa ficava feia. Era um mini lixão que os garis nem sempre conseguiam dar conta. Hoje, pertinho de ai, quem desce pela Ademar Xavier tem a visão de uma pracinha atendida com carinho pelos funcionários do governo. Mas a rua-praça onde está a Santa, desde a igreja até o Rodeio, essa de que falamos aqui. Não há expressão ruim o bastante para falar dela. O desagrado que provoca é de causar raiva. Não é novidade nem que não se tenha feito alguma observação ou denúncia. Todo mundo vê e sabe. Mas continua igual ou piorando.

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Aqui, como se estivesse vendo, já tem alguém defendendo o prefeito. Como se alguém estivesse lhe atacando. Vou me expressar mais claro: Não é culpa do prefeito. É, no caso, culpa de todos. Dele também, por não fazer nada nessa rua nem dar explicações pelo que não faz. E minha também, por ter passado todos esses anos sem falar disto. E dos vizinhos moradores da rua, toda gente boa e de bom coração, mas que não tem o mesmo comportamento que essas mulheres (que esqueci os nomes).

Pior, aumentam o abandono e a falta de cuidado com a rua em que moram, como se a rua não fizesse parte de nossas casas. Se abandono o lixo na rua faço da rua um lixo, e passo a morar no lixo. Aqui está o ponto. O prefeito não pode educar gente que já deveria ser educada para colocar o lixo como todo mundo já sabe que deve ser colocado na rua. E pedir para não danificar, pois passamos a viver num lugar danificado.

Os reparos serão feitos com dinheiro que pode ser muito melhor aproveitado. Mas nem o prefeito, nem eu, nem ninguém aparece para fazer alguma coisa. Apenas essas vizinhas que não sabem que estão equilibrando o abandono, o desprezo, o desamparo que nós manifestamos pelo lugar em que vivemos, com seus cuidados carinhosos. Elas sim fazem a diferencia. Nos somos todos iguais.

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