Por Magda Carvalho, professora das redes municipal e estadual em Serra Talhada

A sociedade serratalhadense há muito tem assistido a incansável batalha travada por nomes como Tarcísio Rodrigues, Anildomá Williams, Maria Cleonice, Carlos Silva, Modesto Barros, Telma Duarte dentre tantos outros no intuito de fazer cultura em nossa cidade, e de ajudar que as novas gerações saibam o significado desta palavra, cultura, e que tenham orgulho das raízes musicais, do xaxado, das artes cênicas, da produção local.

Apesar de toda essa luta, escutamos constantemente que Serra Talhada não tem nada a oferecer em termos de lazer. Mas o que seria o “tudo”? Shows que tocam músicas pornofônicas, com dançarinas seminuas rebolando na cara do público? Isso é cultura? Creio que essa não é a forma mais adequada da materialização da cultura. Quando se há eventos como o projeto de cinema na Concha, a feirinha de artesanato, cordel, declamação de poemas ou até mesmo apresentação de artistas como Assisão, que fora de nossa cidade são extremamente valorizados, presencia-se um pequeno número de expectadores, ou melhor, quase sempre são os mesmos expectadores.

Escutamos constantemente que Serra Talhada não tem nada a oferecer em termos de lazer. Mas o que seria o “tudo”? Shows que tocam músicas pornofônicas, com dançarinas seminuas rebolando na cara do público? Isso é cultura?

O que fazer então? Será que apenas a criação da Secretaria de Cultura ou os projetos desenvolvidos pelo Ponto de Cultura Cabras de Lampião ou da Fundação Casa da Cultura de Serra Talhada fará com que nós serratalhadenses saibamos o que é cultura? Ou que passemos a apreciá-la, ou até mesmo a fazê-la? Acredito que não, pois para que uma sociedade valorize e saiba o que cultura é necessário que escolas, meios de comunicação trabalhem para isso, uma vez que esses são meios que atendem à uma grande demanda da população.

Nas escolas vez ou outra presenciamos projetos culturais, mas que geralmente acabam quando há a culminância do projeto (mas ao menos se faz). No caso das emissoras de rádio local, somente A Voz do Sertão possui um programa com músicas dos artistas da terra, na Rádio Cultura às quintas-feiras pela manhã artistas têm espaço para se apresentarem ao vivo. No entanto, nas demais emissoras ou no restante da programação diária não ouço nada relativo aos nossos artistas.

O que fazer então? Será que apenas a criação da Secretaria de Cultura ou os projetos desenvolvidos pelo Ponto de Cultura Cabras de Lampião ou da Fundação Casa da Cultura de Serra Talhada fará com que nós serratalhadenses saibamos o que é cultura?

Por que tocar Luan Santana quando se tem Éverton Lima? Por que tocar Jorge e Mateus quando se tem Kenedy Brasil e Daniel São Paulo? Ou Zezé de Camargo e Luciano quanto se tem Fábio e Nando? Por que tocar Calcinha Preta quanto se tem Vizzú? Por que tocar Eduardo Costa quando se tem Rai, Assisão, Rui Grudi e tantos outros nomes que apresentam uma musicalidade peculiar do sertão? Simplesmente não sei. Pode ser por audiência ou porque “santo de casa não faz milagre”.

Mas se começássemos a escutar uma programação radiofônica que tocasse músicas de nossos artistas certamente seríamos conduzidos à valorizá-los porque na sociedade atual valores e comportamentos acontecem por inculcação. Se vez ou outra nos surpreendemos cantarolando “ziguiriguidum” foi porque escutamos demais na programação radiofônica carnavalesca, isso confirma a teoria da inculcação. Dessa forma, por que não tentar inculcar nos serratalhadenses a música de nossa terra? Já seria um começo…

“Se começássemos a escutar uma programação radiofônica que tocasse músicas de nossos artistas certamente seríamos conduzidos à valorizá-los porque na sociedade atual valores e comportamentos acontecem por inculcação”