Por Gootemberg Mangueira, professor da escola Antonio Timóteo

“A escola bem estruturada ( não é o caso da maioria das escolas públicas  brasileiras) constitui-se um lugar privilegiado de socialização, interação e consequentemente de aprendizagem para prosperidade na vida em todos os sentidos. Dessa forma, a escola é um “terreno” onde se brotam a alegria, a esperança e os projetos que transformam o mundo, mudam vidas.

A família brasileira em meio ao processo capitalista vigente, muitas vezes, se vê sem rumo no que se refere à educação dos seus filhos e apela para a estrutura da escola pública, que não se encontra preparada para bater de frente com os engôdos da mídia ruim, que é uma das mais influentes representantes dessa nova ordem socioeconômica e cultural no mundo. Ordem essa que vem ditando as regras de convivência, de consumo e de tudo que movimenta o planeta. Essa ditadura midiática alicia com facilidade as nossas crianças e adolescentes, fazendo-os se sentirem donos de si, imbatíveis, desrespeitando todos que encontram pela frente, justificando suas atitudes baseados nos preceitos da desordem moral que se instalou na sociedade pós-moderna.

O avanço na tecnologia das comunicações, o chamado ‘mal necessário’, tem demonstrado uma força de persuasão que a escola não dispõe. O que faz sucesso, hoje, entre os jovens, seja na música ou na dança (viva o quadradinho de oito!) nos programas de rádio e televisão, nas redes sociais, é exatamente aquilo que a educação  tenta combater, mas não consegue por falta de recursos que possibilitem uma luta menos desigual. A máquina da deseducação constitui-se de arcabouços intransponíveis, movimentada pelo combustível da ignorância, monitorada pelo sistema capitalista, que visa o lucro financeiro, algoz da alma e da mente social; provocando uma dor que dilacera, desatina e dói.

Há muito tempo que não se valoriza o profissional do magistério ( não estou falando aqui dos irresponsáveis, que aliás, têm em todas as profissões: medicina, advocacia, engenharia, etc.), que as condições de produção de ensino estão capenga, que os alunos não se interessam pelo  estudo. Estão focados em outras prioridades, que residem fora da escola. Fala-se na imprensa que demos um salto de qualidade na educação, que a média do IDEB aumentou para 5.0 pontos e estamos perto dos indicadores da Europa (6.0). Mas onde realmente está essa qualidade? De que Europa estão falando? Será que tem alguma cidade na Indonésia chamada Europa, ou tem no Brasil uma Europa que só os políticos conhecem?

A verdade é que se as nossas autoridades continuarem brincando com a  educação – que é a 2ª pior entre os 40 países comparados pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit – EIU – promovendo o apoucamento da escola pública , num curto prazo,  não existirão mais professores de ensino básico no País e aí terão que importá-los, como estão fazendo com os médicos. O “esquecimento intencional” dos políticos com relação às necessidades das escolas e dos professores como diz o linguista Exequiel Theodoro, em seu livro OS (DES) CAMINHOS DA ESCOLA- traumatismos educacionais- devastou nossa esperança que tanto esperar, já não é mais verde.

Enquanto existir esse “vandalismo político” imperando na educação, certamente iremos continuar a caminho de um fracasso ainda maior”.