Por Luciano Menezes, Historiador

bastaOs crescentes números da violência em Serra Talhada, que segundo o FAROL, calcula 15 assassinatos em menos de dois meses, veem causando uma admiração na maioria. Alguns, motivados por um simplismo habitual, correlacionam à violência a figura de Lampião como um protótipo instigante. Outros, em meio ao senso comum, concluem que o crime deve desaparecer por completo; alguns acreditam e clamam pelo embuste da proteção do Estado na figura da polícia.

Olhar o crime com uma causa e não como um efeito, é que tem ocorrido em nossa sociedade, inviabilizando análises mais amplas. É necessário compreender o crime como efeito, buscar as causas que o produz, assim, talvez se possa explicar um fato social.

Entender também que o efeito não pode existir sem a causa – reciprocidade. Em meio às disparidades econômicas, sociais, educacionais e políticas é impossível uma sociedade sem crimes. Numa conjuntura política onde uma figura se mantém por 40 anos no poder, saindo com “lágrimas” nos olhos, e com intuito de escrever um livro com suas “proezas,” não se pode se espantar com um índice elevado de criminalidades.

Para dirimir toda criminalidade como sonham, seria necessário um nivelamento das consciências, o que é impossível e indesejável. O crime, como diria Durkheim, é necessário e ele está ligado às condições fundamentais de qualquer vida social. Através dele obteremos as modificações necessárias, ele nos prepara diretamente para mudanças concretas. “A liberdade do pensamento que gozamos hoje nunca poderia ter sido proclamada se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas.” (Durkheim).