Por Luciano Menezes, historiador
Enquanto isso, Serra Talhada segue em seu quimérico desejo de um shopping, antes mesmo de sonhar com a fuga dos salários de fome e dos subempregos espalhados no comércio convencional. Proudhon afirmava que o operário deve calar-se e inclinar-se, pois o patrão é detentor do emprego e feliz daquele que puder obter o favor de suas trapaças. O quadro do desejo insensato de consumo e pauperização são pintados numa atendente do comércio em Serra Talhada que diz com todo orgulho não gostar de leituras. Mas, sem hesitar gritamos que é necessário um shopping, mais comércio e mais consumo, e a marcha do flagelo se torna mais lenta com a concorrência, tornando a vida cada vez mais cara num abismo que separa a classe que comanda e usufrui da classe que sofre e obedece.
O bem–estar sem educação embrutecendo o povo, a arbitrariedade econômica corroendo o homem e a moral, aliás, o consumo é o deus supremo e insaciável, o suor e o sangue dos trabalhadores no comércio é o combustível que movimenta e edifica a economia. Desse modo, sonhamos com luzes, brilhos, outdoors, propagandas, etiquetas, marcas, ambiente climatizado e etc. Pagos por quem e para quem? Pagos por todos, mas não para todos. Enfim, dar-se esmolas aos pobres com o dinheiro dos pobres”.
7 comentários em OPINIÃO: Gritamos por um shopping, mas somos incapazes de lutar por bibliotecas em ST