*Goottembergue Mangueira é professor da rede municipal de ensino

É impressionante o poder de transferir votos que têm esses dois. A meu ver, João Paulo pelo carisma popular e atuação política e Eduardo pelo modelo de gestão que implantou no estado. O governador Eduardo Campos conseguiu a façanha
de conquistar dentro de 40 dias, no começo da campanha, 22% da preferência do eleitorado recifense para Geraldo Júlio (candidato a prefeito do Recife 2012, PSB) um dos seus secretários de governo, até então desconhecido naquela cidade. Eduardo é sem dúvida um político inteligente e determinado. Neto do ex-governador do Estado de Pernambuco, Miguel Arraes, elegeu-se governador em 2006, quando muitos acreditavam que Humberto Costa venceria o pleito. Reelegeu-se em 2010, com uma diferença de votos estrondosa (82,84% de diferença) sobre o seu principal adversário e hoje aliado, Jarbas Vasconcelos do PMDB, montou uma gestão voltada para as questões sociais, principalmente educação e segurança pública, ganhou a simpatia do povo pernambucano e já começa a se projetar nacionalmente.

Antes de Eduardo mostrar toda sua influência política, vimos João Paulo em 2008, contrariar toda a cúpula do seu partido na capital pernambucana e eleger João da Costa, seu sucessor no famoso João é João que hoje não é mais, preterindo o nome de Humberto Costa, eleito senador em 2010 e candidato a prefeito do Recife em 2012. João criatura, tornou-se um problemão para João criador e o PT, que se veem as voltas, em função desse entrave, para elegerem Humberto e darem continuidade ao projeto chamado “Jeito PT de governar” iniciado em 2000 por João Paulo. João Paulo Lima é um ex- sindicalista (primeiro presidente da CUT em Pernambuco) que logo caiu nas graças do eleitor recifense pelo seu carisma e jeito simples de falar e ouvir o povo. Foi eleito vereador, três vezes deputado estadual por
Pernambuco e prefeito do Recife de 2000 a 2008.

“Antes de Eduardo mostrar toda sua influência política, vimos João Paulo em 2008, contrariar toda a cúpula do seu partido na capital pernambucana e eleger João da Costa, seu sucessor no famoso João é João que hoje não é mais”

A sua administração marcou uma era de inovações, implantando o orçamento participativo que permitiu ao povo decidir sobre como seria aplicadas as verbas recebidas pela prefeitura. Isso lhe assegurou uma ampla aceitação popular (88% quando saiu ) capaz de torná-lo, na época, a maior liderança política do PT no estado. João Paulo é atualmente deputado federal e candidato a vice-prefeito na chapa de Humberto. O ex-prefeito goza de excelente popularidade no Recife que sem dúvidas será um dos trunfos importantes para o PT não desapear do poder na capital na do estado, apesar da situação está muito complicada, visto que Geraldo Júlio disparou na frente, com a enorme possibilidade de ganhar no 1º turno.

Há quem acredite que o ex- presidente Lula é o grande nome para consertar a besteira que o PT fez no Recife – se é que ainda se pode fazer isso – reconquistar a confiança do eleitor e garantir a eleição de Humberto, mas acho sinceramente que a “briga” vai ficar ali mesmo entre João Paulo e Eduardo. Parece-me que Humberto não é muito bom de voto. Elegeu-se senador sob a égide da frente popular e a benção do governador. Geraldo Júlio é hoje, de Eduardo, o João da Costa de João Paulo em 2008, com uma diferença: Eduardo não teve que brigar com ninguém do seu partido para
lançá-lo candidato.

“Há quem acredite que o ex- presidente Lula é o grande nome para consertar a besteira que o PT fez no Recife – se é que ainda se pode fazer isso – reconquistar a confiança do eleitor e garantir a eleição de Humberto, mas acho sinceramente que a “briga” vai ficar ali mesmo entre João Paulo e Eduardo”