Por Goottemberg Mangueira, professor e ex-diretor da Escola Estadual Antônio Timóteo

Nunca é demais falar que ler é fundamental para a vida de todos nós. Não importa a classe social, a profissão, nem a etnia. Esse ato é o que nos constitui do ponto de vista ideológico, melhora nossa criticidade, nos faz cidadãos ativos e criativos, sujeitos e não objetos nos processos de mudança que se desencadeiam na sociedade. É por meio da leitura que adquirimos competência discursiva, argumentamos com mais segurança e nos preparamos para encarar os eventos comunicativos que permeiam nossa vida social.

Compreender o mundo e tudo que nele existe, sejam as coisas de natureza simbólica, concreta ou abstrata, requer do cidadão a prática incessante de diversas leituras, pesquisas e descobertas que o condicionarão para os debates recorrentes na sociedade e a convivência amistosa com as vicissitudes humanas nas complexas situações do cotidiano social.

As diferentes formas de linguagens, mídias e suportes textuais, enfim, todo esse complexo ecossistema comunicativo da sociedade contemporânea que está aí, ditando regras em nosso cotidiano de interação e como diz Sodré: estruturando e reestruturando percepções e cognições, nos convidam, ou melhor, nos obrigam a ler sem fronteiras, a mergulhar no universo das letras, dos signos linguísticos e marcar presença nesse novo cenário cultural, nesse novo modo de se colocar como sujeito no mundo.

O desinteresse pela aquisição do saber, o iletrismo, a incapacidade de argumentar e compreender textos, farão, os que têm essas “patologias”, mais cedo ou mais tarde, verem as suas liberdades “engolidas” pelos promotores da ignorância – lobos da “parole” que fazem da preguiça dos outros o seu meio de prosperidade financeira. Só o “poder de fogo” da leitura será capaz de nos livrar da lábia dessa gente que se espalha por aí na política, na religião e em toda a malha social, em busca dos bestas perfeitos para serem suas vítimas.

Diante disso, percebe-se que não é por acaso que a leitura se constitui um dos eixos do ensino de língua portuguesa mais importantes que se têm, nos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – PCNs, seguida do letramento literário. Segundo o linguista Sírio Possenti, os trabalhos significativos do professor em sala de aula são a leitura e a interpretação de texto.

Se o professor focar suas atividades pedagógicas no que sugere Possenti, com certeza ele será uma peça fundamental no processo de construção da cidadania dos nossos jovens e adolescentes. Muito do que serão no futuro, depende das horas diárias de leitura que fazem na escola, na biblioteca ou em qualquer outro lugar.