pedra do curtumePor Adelmo da Favela, poeta de Serra Talhada

Foi vendo a pedra do curtume mostrada pelo “Farol De Notícias” que me bateu uma tristeza ao lembrar dos meus mergulhos no tempo que eu tomava banho no rio e saber que nessa pedra ficou um pedaço da minha história, dos meus tempos de menino, eu só vivia o presente, nem pensava no futuro, tomava banho na pedra e dava os meus mergulhos. Para agora olhar pra pedra e ver o rio cheio de lixo com a pedra no monturo. Quando eu vejo o Rio Pajeú eu fico angustiado, eu lembro os banhos que eu tomava recordando o meu passado. Essa pedra do curtume era como um picadeiro, era o xodó dos meninos, hoje com o rio esturricado foi preciso um estrangeiro, um fotógrafo argentino pra poder pular a cerca descobrindo o paradeiro encontrando o seu destino.

É muito triste ver o Rio Pajeú da ponte da Caxixola e saber como o rio era e ver como está agora, sendo um rio que não passa, um rio que se perdeu e quem procura não acha. Eu comparo o Pajeú com um cinema sem filme, um auditório sem palco, uma estação sem o trem, um circo sem ter palhaço, é como o CIST sem festas, destruído pelo o tempo que perdeu a cobertura, cheio de cupins por dentro. Toda vez que eu vejo o rio vem no meu peito às lembranças dos meus tempos de criança parecendo um furacão, cutucando o meu peito procurando achar um jeito pra chegar ao coração.

Eu não queria ser um poeta pra carregar esse fardo, dentro do meu coração tem um vulcão exaltado entrando em ebulição, não existe dor pequena toda dor é uma só, mas quando a dor acontece no coração de um poeta o sofrimento é maior. Qualquer cem gramas de mágoas no coração de um poeta pesa uma tonelada. Quem viu esse rio outrora cheio de vida cheio de peixes, e ver como está agora, dá vontade de chorar, hoje o Rio Pajeú é um rio de tristezas que perdeu a correnteza, só deságua em meu olhar. A ponte da Caxixola é a ponte do além, é sobre um rio que não passa que não chega e não vem.