downloadPor Emmanuelle Silva, estudante de Letras na UFRPE/Uast, militante social e redatora/repórter do FAROL

Utilizarei esse espaço de artigo de opinião para expressar o meu repúdio as injúrias raciais que uma das apresentadoras do Jornal Nacional sofreu na página do jornal no Facebook. Nessa quinta-feira (2), usuários da rede social, agindo como verdadeiros haters (expressão para pessoas que propagam o ódio na internet), comentaram uma foto da jornalista Maria Júlia Coutinho proferindo palavras de ódio e repúdio. Maria Júlia é uma das poucas mulheres que estão na televisão brasileira e fazem o importante papel de desconstruir estereótipos associados à população negra desde o período colonial, é bonito vê-la no horário nobre, empoderada e forte.

Vendo o ocorrido me deparei com a mais horrível demonstração de preconceito que tive o desprazer de ver. São frases muito pesadas, mas infelizmente não são incomuns nas redes sociais e outros espaços de que as pessoas podem se expressar livremente. As pessoas estão carregadas de racismo em suas falas, não moderam as palavras e reproduzem absurdos na web. Aqui mesmo no FAROL DE NOTÍCIAS, muitos leitores elogiam e parabenizam o trabalho jornalístico e as temáticas propostas, mas alguns não medem esforços e palavras na hora de criticar posicionamentos que não concordam, seja da linha editorial, dos entrevistados, colunistas etc.

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O caso Maju ganhou muita visibilidade e representação por parte dos usuários da rede, mas inúmeras mulheres negras não famosas sofrem com esse e muitos outros tipos atos discriminatórios, que não vão à mídia, que a polícia não investiga, que os culpados não são presos e a justiça não é feita. Me pergunto porque esse caso em específico ganhou tanta repercussão, mas a resposta é óbvia demais: É uma global! É ótimo que o racismo seja discutido, investigado e punido, mas que isso seja feito com o máximo de casos possíveis, não somente com elites, famosos, ricos e poderosos. É importante que a criminalização do racismo funcione em todas as instâncias e para todos.

Espero que a ex de Henri Castelli responda por intolerância religiosa, que foi o outro caso de preconceito com religiões de matriz africana, que também está ligado às questões que motivam o racismo, além da imposição de awn4dzvx91xmv1c7zi2w57db6religiosidade e demais aspectos culturais de padrão europeu. Destratar uma mãe de santo? Cuidado com os orixás!

Percebo que os militantes da internet estão instituindo um novo comportamento de discussão e posicionamento através de teias criadas com hashtags e compartilhamentos. Atos extremamente válidos, mas insuficientes. Na verdade, tenho medo que nem todos sejam realmente contra o racismo, nem todos não reproduzam racismo e digam aleatoriamente #SomosTodosMaju. Denunciar e lutar por medidas punitivas são o próximo passo, devemos ultrapassar a linha da discussão e da visibilidade para nomear culpados e punir. Debate deve vir precedido de ação, caso contrário não gera nenhuma reação. No mais, vamos medir nossa revolta e apresentar nossas ideias com mais argumentos e menos xingamentos.

Vamos ao debate!