Não poderia deixar de me posicionar sobre a notícia veiculada na seção de política do Diário de Pernambuco, nesta segunda-feira (23), que também repercutiu no Farol de Notícias, sobre a intenção do governador Paulo Câmara de criar uma secretaria-executiva para atender a população pernambucana dita “minoria” – homossexuais, negros, índios etc. Sobretudo, quero tratar sobre a postura dos deputados estaduais da bancada evangélica em oposição a essa secretaria, ao assumirem na Assembleia Legislativa (Alepe) a conduta atrasada e inadequada de misturar política e religião. Sem deixar, claro, de trazer a minha contra resposta a opinião pública.
Sabemos que a Constituição brasileira estabelece no Art. 5º que nós sejamos iguais perante a lei, esse artigo apresenta também 78 incisos e mais quatro parágrafos que estabelecem várias especificações que também precisam ser conhecidas por todos, já que é tão citado. Esses incisos e parágrafos deveriam reger, assim como todo o documento da Constituição, em prol da garantia de direitos a todos os cidadãos brasileiros independente de raça/cor, etnia, sexualidade, gênero, posicionamento político etc. Existem várias brechas interpretativas na legislação brasileira que podem respaldar discursos preconceituosos e discriminatórios, no entanto isso ainda não é justificativa.
Ao mesmo tempo, penso que muitos políticos ainda impõem fundamentos religiosos nesses aspectos legislativos, os quais
Creio que os argumentos dos deputados também estão inadequados. O deputado Cleiton Collins (PP) e tantos outros sequer perceberam que a secretaria deverá atingir a esfera de desenvolvimento social e não uma secretaria LGBT. Dizer que a homossexualidade na escola não é normal é querer que futuros cidadãos pensem igual ao senhor, alienados a uma realidade social tão comum e que em nada afeta as relações sociais de outros grupos. É desesperador saber que esse deputado foi o mais votado em Pernambuco, quantas pessoas apoiam pensamentos tão descabidos à contemporaneidade.
O senhor André Ferreira (PMDB) disse: “A família tradicional é a base da sociedade sadia”. Ainda essa história que os homossexuais são doentes? Esse discurso está fora de moda há anos, fortaleça sua retórica, deputado. Entre usar o livro sagrado ou o documento histórico máximo dos cristãos (vejam como queiram), citar a bíblia também é clichê e não deveria ser utilizada no púlpito de uma Assembleia Legislativa. Todas as instituições públicas comprometidas com o trabalho social que têm que realizar já discutem o fato de “família tradicional” está muito além de um casal heterossexual e seus filhos.
A intenção do governador de Pernambuco é louvável, por ao menos querer abrir esse espaço de discussão. Não quer dizer necessariamente que a resolução dos problemas chegará. Seria utópico demais para qualquer militante, por mais ufanista que seja. Mas a postura desta bancada da Assembleia é vergonhosa, não levem os templos religiosos para os espaços políticos. Além de nem todos partilharem ideológica e religiosamente com essas concepções, a religião pode servir de subsídio para outras ações, não as legislativas. Se orientem deputados!
Por hoje é só pessoal.
3 comentários em OPINIÃO: Na Alepe, deputados têm conduta vergonhosa que precisa ser combatida