mapa da violênciaPor Jorge Apolônio, policial federal e membro da Academia Serratalhadense de Letras (ASL)

Como a violência vem assustando os serratalhadenses, eles precisam saber que, no dia 10 de dezembro de 2014, a ONU divulgou um relatório avaliando a violência entre 194 países. Os números utilizados são os do ano 2012. Ali, fica claro que o Brasil é o país com o maior número de homicídios por ano no mundo. Foram 64.357 só naquele ano. Isso é o que se chama de números absolutos. É mais que a população de Salgueiro morta em um ano. Quando se analisa sob o aspecto de números relativos (X / 100.000), observa-se que a taxa de homicídios no Brasil em 2012 foi de 32,4 por cem mil habitantes.

Aí, o Brasil cai para 11º lugar entre os 194 países. Mais esse índice é quase cinco vezes a média mundial (6,7), e nove vezes a média dos países ricos (3,8). Somos a sétima economia mais rica do mundo. Deveríamos nos comportar como tal nos homicídios. A Índia com um bilhão de habitantes a mais que o Brasil matou menos, teve cerca de 53.000 homicídios, é o vice-campeão em números absolutos. O campeão em números relativos é Honduras, com taxa de 103,9 por cem mil. A ONU estabele que taxa de homicídio a partir de 10 por cem mil deve ser considerada como epidemia de violência. O Brasil sofre disso.

Analisando os números já de 2013, Alagoas consta como o estado mais violento do Brasil, com taxa de homicídio de 64,7 por cem mil. Dentre as 27 unidades da federação, Pernambuco fica em décimo lugar, com 31,9 por cem mil. O Nordeste tem seis estados entre os dez mais violentos do país: AL (01), CE (02), SE (04), PB (07), BA (08) e PE (10). O PI está em 25º lugar. Só perde para SP (26) e SC (27), os menos violentos, com cerca de 10 por cem mil.

Das 50 cidades mais violentas do mundo, 19 cidades ou 38% ficam no Brasil. João Pessoa é a 4ª mais violenta do mundo e a 1ª do Brasil, com taxa de 79,41 por cem mil. Maceió é a 6ª do mundo e 2ª do Brasil, com taxa de 72,91. Fortaleza é a 8ª do mundo e a 3ª do Brasil, com taxa de 66,55. São Luís é a 10ª do mundo e a 4ª do Brasil, com taxa de 64,71. Natal é a 11ª do mundo e a 5ª do Brasil, com 63,68.

Vitória-ES é a 15ª do mundo e a 6ª do Brasil, com taxa de 57,00. Cuiabá-MT é a 16ª do mundo e a 7ª do Brasil, com taxa de 54,46. Salvador é a 17ª do mundo e a 8ª do Brasil, com taxa de 54,31. Belém é a 18ª do mundo e a 9ª do Brasil, com taxa de 53,06. Teresina é a 20ª do mundo e a 10ª do Brasil, com taxa de 49,49. Se a pesquisa parasse aqui, demonstraria que, das 20 cidades mais violentas do mundo, 50%, a metade é composta por cidades brasileiras. Isso é uma calamidade nacional. Recife é a 29ª do mundo e a 12ª do Brasil, com taxa de 39,05.

Com a desonrosa contribuição de Serra Talhada, em Pernambuco houve 1.000 homicídios só no primeiro trimestre de 2015. É um problema grave, e, por isso mesmo, não é algo que se resolva apenas com polícia. É preciso preparar melhor o policial? Sim. Além disso, equipar adequadamente a polícia. Mas a questão é tão grave que exige um esforço muitíssimo maior que isso. Tem solução? Tem. E o que falta? Competência.

Nós brasileiros não temos tido competência para resolver este e outros problemas graves que nos afligem nos campos da saúde, educação, combate à corrupção, mobilidade urbana etc. Não encontramos no seio de nossa sociedade gente que, eleita, dê conta da solução de nossos problemas. Nossa incompetência já começa nas escolhas. Então, cada um assuma a parte da incompetência que lhe compete e se empenhe mais para alcançar uma sociedade melhor.