“Então é Natal, pro enfermo e pro são. Pro rico e pro pobre”… (Então é Natal – Simone). Está é a grande alegria anunciada pelo anjo aos pastores de Belém (cf. Lc. 2, 8-11), agora todo o povo pode contemplar seu Salvador, tocá-Lo, estar com Ele, sentir o seu afeto! Natal é convivialidade de amor, encontro, acolhida! Mas ainda há espaços para “a festa cristã” em um mundo assazmente mecanicista e dominado pela razão instrumental?

Sim, há, e quando Deus age, algumas experiências chegam a ser tão fulminantes e impressionantes, que só sendo mesmo a mão de Deus. Em plena modernidade racionalista, André Frossard, confesso escritor ateu, se converte diante do poder de Deus. O mesmo conta que foi como um momento de estupor enquanto procurava um amigo pelas ruas de Paris: “Entrei às dezessete horas e dez minutos nunca capela do Quartier Latin, à procura de um amigo. E saí, as dezessete e quinze, levando comigo uma amizade que não pertence à terra. Entrei cético e ateu, indiferente e ocupado, saí como uma criança pronta para o batismo e envolvido por uma alegria inexaurível” (LIBANIO, 1990).

Recentemente, a partir da Física Quântica e da Transdisciplinaridade (NICOLESCU, 2000), tornou-se possível um tipo de conhecimento que transcende a razão analítica e instrumental. Isso vem mudando, aos poucos, nossa visão de mundo e de homem. Não somos apenas seres racionais, mas simultaneamente, racionais, psíquicos e simbólico-espirituais. A condição espiritual do ser humano pode até ser negada, mas enquanto estrutura antropológica básica permanecerá latente. Como diria Juan Luis de La Penã, seja qual for a posição do homem diante de Deus, nunca deixará de ser o que Deus quis que fosse: imagem sua. Ciência e Tradição ainda se aproximarão muito no século XXI!

Mas enfim, no Natal, Deus se aproxima dos homens através da encarnação do seu Filho (Jo 1,14). E aproxima-se na forma de uma criancinha para que todos possam “experimentar o sentimento de ternura de uma criança que queremos carregar no colo e sobre a qual nos envergamos, maravilhados (BOFF, 2001). Este é o caminho que Deus escolheu para poder cerca-se de nós, sob o rosto gracioso e frágil de um menino nascido em Belém. Mas é inevitavelmente nessa silenciosa e doce explosão de luz, que podemos professar com André Frossard quando entrava numa capela de Paris em busca de um amigo: “DEUS EXISTE, eu encontrei-o”.

ENTÃO BOM NATAL!!

Referências

 BOFF, Leonardo. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.

FROSSARD, André. “Deus existe, eu encontrei-O”. São Paulo: Quadrante, 2009.

LIBANIO, João Batista. Deus e os homens: os seus caminhos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990.
NICOLESCU, Basarab. Um novo tipo de conhecimento: transdisciplinaridade. In: Id. et al. Educação e transdisciplinaridade. Brasília: UNESCO, 2000.

PENÃ, Juan Luis de La. O dom de Deus: antropologia teológica. Petrópolis: Vozes, 1998.