Paulo César Gomes, professor e escritor

Essa é minha opinião número de 101 publicada pelo Farol de Notícias, uma marca para mim significativa, pois até pouco tempo não tinha o menor interesse em escrever. O fruto dessa experiência foi a publicação do meu primeiro livro “D.Gritos: Do sonho à tragédia. A história da maior banda de rock do Sertão Pernambucano”. No entanto, o que me leva hoje a escrever essas maus traçadas linhas é o sentimento de indignação e de revolta que invadiu a minha alma ao tomar conhecimento da história da costureira Josimá Antunes da Silva e o abuso sofrido por sua filha M.C., de apenas 7 anos.

O abuso de crianças e de adolescentes vem se tornando rotina em nossa região, sendo que a grande maioria dos casos não chega ao conhecimento das autoridades, e os que chegam tornam-se desconhecidos da população. Outros casos, como o de M.C., ficam meses sem nenhuma solução. A corajosa dona Josimá não denunciou ao FAROL apenas a violência cometida contra a sua filha, mas também a morosidade da Justiça.

Infelizmente uma pequena parte da sociedade prefere fechar os olhos e fingir que nada aconteceu, como se atitude de assediar ou estuprar uma criança fosse algo comum. Um simples acontecimento dos tempos modernos e do desenvolvimento urbano da cidade. A atitude de dona Josimá é louvável, digna de elogios e de muita solidariedade. Poucas mães têm a coragem que ela têm, já que por trás de um abuso existe alguém frio e calculista, que não mede esforço para amedrontar e aterrorizar a vítima.

 Ainda mais quando sem têm um Estado, instituições de ensino e famílias omissas no que se refere ao papel de orientar os jovens e as suas famílias sobre as características de um pedófilo e de como é possível evitá-lo. É claro que somente isso não irá resolver, mas ajudar amenizar o problema. É preciso também derrubar alguns tabus que impedem que se fale com clareza sobre educação sexual no seio familiar e também nas escolas. Não podemos  aceitar que apenas as novelas e programas da Rede Globo sejam os orientadores dos  nossos jovens.

 Enquanto à pequena M.C., que não teve como se defender de um elemento repugnante e traiçoeiro, é cobrar das autoridades a investigação e punição devida para tal crime, além das garantias de que ela irá receber toda assistência social e psicologia para que possa seguir a vida com menos sofrimento. De tudo isso fica a lição de que em muitos seres humanos ainda reina um instinto animal desprezível e uma insignificância peculiar a alguns insetos, defeitos esses que devem ser banidos da nossa sociedade!

 

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!