gilvanPor Gilvan Magalhães, cientista político com especialidade em Sociologia e Antropologia pela UFPE

Lanço mão de uma distinção feita por Machado de Assis, publicado em um jornal em 1870. O Brasil real e o Brasil oficial. O país real é bom, e reserva os melhores instintos. O país oficial é caricato e burlesco. Se ele vivesse hoje, veria que a distinção continua a mesma. O país real continua bom e o país oficial depois de 2002 melhorou um pouco.

Os integrantes do Brasil real são organizados em carreira, salário compatível com sua atribuições estão sempre presente em solenidades, festividades e eventos das mais diversas áreas, merecendo sempre honras e atenção da imprensa, de autoridades e de empresários, sendo os seus membros (trajando paletó ou tailleur), respeitados, prestigiados e por vezes elogiados.

No Brasil real há uma parte que as coisas não correm tão bem assim. Enquanto, Brasil oficial esquece o Brasil real, o Brasil oficial cumprem seu papel constitucional de zelar pelo bem público, pelos interesses sociais, ajudando no combate à corrupção, defendendo o meio ambiente, os consumidores, a saúde, a educação, a segurança e a cidadania do povo.

O Brasil oficial quer sim, ser reconhecido pelo trabalho que exercem na nossa sociedade de maneira mais adequada aos preceitos constitucionais, aos ditames legais e aos interesses sociais. Disse certa vez Ariano Suassuna que “a razão manda que a gente se acomode em casa, e o sonho é que leva a gente para frente”.

O mestre Câmara Cascudo costumava dizer: “Eu sou apenas uma célula, uma pequenina célula que procura ser útil na fidelidade da função”. Por isso, sobretudo como operários do Brasil oficial, buscaremos de maneira incansável a união daquilo que um e outro tem de melhor, para aproximá-los ainda mais dos legítimos e verdadeiros interesses sociais, porque o Brasil real e o Brasil oficial são nossa matéria prima, a Constituição nossa força e a do povo, nosso combustível, a esperança e nossa recompensa uma sociedade mais justa e igualitária.