Por Paulo César, professor especialista em História Geral

Uma análise sobre o resultado geral das eleições municipais é extremamente complexa, já que é um tema que pode ser visto por vários anglos, isso porque vivemos em um país continente, com uma população extremamente heterogênea no que se refere aos aspectos sócios – econômicos – culturais. Porém, mesmo com todas essas contradições, vou tentar de uma forma simples, expressar a minha opinião sobre o assunto. Diante de uma análise objetiva feita sobre o resultado das eleições pelo país afora, é possível dizer que o povo brasileiro, tirando algumas peculiaridades locais e regionais, votou baseando-se em dois pontos: segurança e renovação , sendo que em alguns casos votou ou pela continuação administrativa segura ou renovação administrativa segura.

Isso pode ser verificado quando olhamos os resultados de cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde o eleitorado optou pela continuidade segura. Em São Paulo e no Recife foi diferente, a população votou pela renovação com segurança. Esses fatos refletem a busca do eleitorado por um ponto de equilíbrio, tanto político como administrativo, ou seja, o povo não está afim de votar em projetos aventureiros e virtuais. Talvez isso ainda seja resquício do fracassado projeto político do ex-presidente Fernando Collor de Melo, no qual uma parte da sociedade dos brasileiros embarcou e logo se decepcionou, e também de péssimasadministrações, como a de Celso Pitta na cidade de São Paulo.

Essa busca pelo equilíbrio também é demonstrada quando observarmos que a população procurou distribuir o poder entre praticamente todos os partidos, claro que alguns conseguiram se sobressair, a exemplo do PMDB, PT, PSB e principalmente o PSD. Outros partidos conseguiram uma sobre vida, como por exemplo, o DEM e o PSOL. É nessa perspectiva de distribuição de poder que se explica o fato de que o PT não controle a maioria das prefeituras das capitais e dos governos estaduais, pois o partido detém o controle do poder executivo nacional há praticamente dez anos, bem como aconteceu com o PSDB durante os oito anos de governo FHC. É importante lembrar que em 1986 os candidatos a

governador pelo PMDB foram eleitos em praticamente 90% dos estados do país, sendo que o Presidente da República também era do PMDB, o hoje senador José Sarney. O resultado dessa concentração de poder em torno de único partido foi terrível, pois o país viveu entre 1986 e 1993 as suas piores crises financeiras, com alta de preços, desvalorização e implantação de inúmeras moedas, inflação galopante e uma desigualdade social vergonhosa.

Portanto, depois dessa abordagem histórica- sócio- política, fica evidente que o eleitorado consciente ou inconsciente está buscando amadurecer na hora de votar, mesmo sendo um processo difícil, pois voltamos a ter o direito ao voto a cerca de trinta anos, e sem contar o número de jovens que votam pela primeira vez e ainda o número significativo de analfabetos políticos. Mas, contrariando a vontade de muito políticos conservadores, a população vem a cada eleição deixando o seu recado, não trabalhou! Tá fora!

PT – Mesmo enfrentado, por coincidência ou não, o processo do “mensalão”, conseguiu um importante vitória na capital paulistana. Desta forma se credencia para defender a reeleição da presidente Dilma Rousseff junto aos partidos aliados. No caso de alguma eventualidade Lula será convocado para cumprir mais essa tarefa, a de ser novamente candidato a Presidente da República.

PSDB – Perdeu a principal prefeitura da sua base política, além disso, o seu principal quadro, José Serra, foi derrotado novamente. Sem renovação de quadros partidários, os tucanos passam a depender da aproximação de Aécio Neves (PSDB) com o Eduardo Campos (PSB) e com setores do PSDB, que fazem oposição ao PT.

PSB – O partido conseguiu vitórias importantes, principalmente em redutos petistas, como em Recife e Fortaleza. Muitas das vitórias foram creditadas ao governador Eduardo Campos, que passou a ser “a namorada” desejada pelos partidos de oposição. Por outro lado, os bons resultados fizeram com que o egocêntrico líder socialista passe a sonhar com um vôo nacional, termo usado por boa parte da imprensa. Porém, é bom lembrar que na política não é sábio ir com muita sede ao pote, pois alguns tiveram essa mesma sede e acabaram se afogando, a exemplo de Ciro Gomes (PSB) e de Anthony Garotinho (PR) quando foram candidatos a presidente sem um grande leque de aliança e sem um plano de governo confiável.

FUTURO DO PEFEITO CARLOS EVANDRO – Acredito que seja prematura uma decisão do prefeito sobre qual será o seu novo partido, até porque é preciso análise melhor e como é que vai ficar o cenário regional no pós-eleições e, principalmente, como vai ficar a relação PT e PSB no estado.

PEDIDOS DE FAROLEIROS – Recebi dois pedidos de faroleiros que gostam de ler as minhas opiniões. O primeiro foi para que fosse publicada uma solicitação ao prefeito eleito Luciano Duque para que o mesmo providencie, durante o seu mandato, o calçamento da rua do Bar de Raimundo, e o segundo foi para encaminhar uma reclamação junto à Secretaria de Saúde sobre a negligência no atendimento aos idosos no PSF do bairro da Cachichola. Tá aí! Os recados foram dados.

Um forte abraço e até a próxima!