Tombo-Queda-Homem-caindo[1]Por Luciano Menezes, Historiador

O sujeito “comum” sempre aderiu o espírito dócil da obediência e da docilidade, muito embora, em modalidades diversificadas. Desde seu nascimento até a sua morte, tem sido um eterno Ser domado que, na maioria das vezes, é escravizado e acorrentado.

Parafraseando o filósofo Sartre: um homem descentrado e humilhado, frente às tiranias da vida.

Com a modernidade, as coisas se tornaram mais drásticas e, a razão humana se tornou irremediavelmente encoleirada. Mais que nunca, o homem requintado e sofisticado continua controlado por uma rédea cada vez mais curta.  São tantos os exemplos de reflexões empobrecidas desse homem, tais como o jargão patético e desgastado: “lei é pra ser cumprida”.

Mesmo quando todo sofrimento humano se pluralizou, a herança da irracionalidade fez questão de manter um traço bastante conhecido: o encanto de uma multidão por um só homem, ou mesmo, devoções por normas e leis que, na maioria das vezes, representam dominações que oprimem e fragilizam a grande maioria; tudo isso não representa nada mais que, um Estado a serviço de interesses particulares. São também, mecanismos sórdidos para um perfeito adestramento.

Todas essas dominações de essência patrimonialista deixaram milhões de pessoas como herdeiras da fome e da pobreza. Assim, por meios sistemáticos de violências organizadas, muitos caminhos permanecem bloqueados por atos que, insistem em conservar tudo como está, ou seja, sufocando qualquer forma de justiça humana.

Nessa lógica, a sublime razão da vida foi violada, o que implica dizer que, o respeito à propriedade, de modo algum, não significa respeito à vida. Portanto, jamais o homem deve profanar os santuários dos patrimônios, pois segundo as normas, sua vida não ultrapassa um mero valor secundário. Por outro lado, a valorização exagerada, a divina finalidade e todos cultos se voltaram para os bens materiais. Desse modo, diariamente é inculcada nas pessoas a ideia de que é possível se adaptar ao trágico, basta apenas alimentar os bolsos e as vaidades pessoais e esquecer que existem milhões de pessoas necessitando do básico para viver. O fato é que, o mundo mesquinho não conseguiu superar os valores efêmeros da estética e da aparência.

Nesse extremo egoísmo degradante, tateamos em meio à escuridão, tentamos fugir do vulgo e nos libertar de algumas coleiras, dos formalismos, das frases inúteis e prejudiciais. Buscamos também entender as circunstâncias que nos roubam o precioso tempo e os saberes através das inúteis funções diárias; procuramos compreender as forças nocivas que humilham pessoas, e no máximo, as rebaixa a categoria de simples servidor burocrático de repartições públicas, com o nível zero de criticidade e com o intelecto totalmente depravado.