jumento

Por Adelmo da Favela, de Serra Talhada

Durante a Semana Santa na capital do Recife, em pleno espetáculo da Paixão de Cristo, uma cena inusitada provocou um rebuliço, na hora da “Via Sacra” o jumento empacou e não quis carregar Cristo. A  plateia ficou assustada olhando para o jumento que ficou ali parado, empacado no recinto sem entender o protesto que o jumento fazia através do seu relincho. O que o jumento queria era dizer para o público que o jumento não é burro, não quis fazer o papel quando viu que aquele Cristo era o José Pimentel, e com ele era impossível de chegar até o céu.

Por isso ficou parado protestando dos maus-tratos que recebe dos seus donos que lhes deixam abandonados pelas estradas ao léu. O jumento pediu socorro foi para o centro do embate, ficou chamando atenção para o povo ficar de olho na sua judiação. Na cidade de Apodí – RN foi cardápio de um churrasco, na cidade de Salgueiro – PE ele foi vítima do abate, no Rio Grande do Norte um promotor de justiça sem nenhum ressentimento, organizou um banquete com a carne do jumento. O promotor de justiça na maior cara de pau botou as botas de fora, ignorou o artigo 225 da Constituição brasileira que protege a fauna e a flora.

O jumento não sabia que naquela Via Sacra ele era importante, e não quis carregar Cristo pensando que estava ali como um simples figurante.  É só na semana santa que o jumento é atração, ficando o resto do ano esquecido nas estradas, nas quebradas do Sertão. Já dizia Luiz Gonzaga que o jumento é nosso irmão, ele também tem direito a ‘Liberdade de Expressão’.