Por Cícero Lopes, professor

Embora incômodo para alguns que ouvem isto, a verdade é que ainda vivemos numa sociedade racista, classista e dominada pelo branco “civilizado”. O Brasil não é um país de “democracia racial” como pensava o historiador Gilberto Freyre (Casa Grande e Senzala) e, apesar da miscigenação ser um fato, a democracia racial é apenas um mito. Não é sem razão que a Constituição coloca a discriminação racial como um crime inafiançável e o negro precisa de um sistema de cotas para ter uma chance de entrar na universidade.

Como é que se explica que as imagens do negro nos livros didático do século 21 ainda apresentam formatos estereotipados e inferiorizante do negro? A situação é tão profunda que foi preciso uma LEI (10.639, de 9/01/2003) para que o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira se tornasse obrigatório na escola. Talvez assim fosse possível enxergar as contribuições políticas, econômicas, sociais e culturais dos povos negros na história do Brasil.

Como é que se explica que a maioria da população do Brasil, que é negra, se manteve historicamente pobre até os dias atuais? Ora, a verdade é que no Brasil o preconceito étnico é velado, mas existe. Vivemos um racismo camuflado, sutil, mas real. E se queremos hoje superar esta problemática, comecemos por tomar consciência da nossa omissão nas lutas da comunidade negra e do engodo desta democracia racial.

Algo já foi feita, é certo, alguns negros ocupam posições hoje jamais pensadas numa sociedade de brancos; mas ainda falta muito para comemorarmos a real integração da comunidade negra na sociedade brasileira, que, aliás, tanto se diz “democrática”.