Por Paulo César, professor e escritor

Nenhum outro político no Brasil tem provocando tanta polêmica quanto o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP). Tudo começou quando ele foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, fato que levou os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Domingos Dutra (PT-MA), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Luiza Erundina (PSB-SP) a deixarem o colegiado por não concordarem om o nome do pastor e deputado para o cargo.

>Os protestos feitos por parlamentares, movimentos sociais, artistas e representantes do GLTB, ou LGBT como queiram, justifica-se pelas declarações inapropriadas feitas pelo dep. Marcos Feliciano. Em publicação feita pela Twitter, em 31/03/2011, Feliciano escreveu a seguinte frase sobre os africanos, “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato”, em um Congresso dos Gideões e Missionários, realizado em setembro de 2012, ele fez a seguinte declaração homofóbica, “a AIDS é o câncer gay”.

Diante de tudo que Marcos Feliciano já disse, fica claro que ele não reune as condições ideológicas e políticas para ocupar a presidência de uma comissão que além de prezar pela defesa dos direitos humanos, têm que atuar na defesa dos interesses das minorias, entre elas os negros e homossexuais. A grande questão que é levantada não gira em torno da fé, até porque o Estado brasileiro é laico e a Constituição Federal permite a liberdade de expressão e o exercício das práticas religiosas.

O que a população não sabe é que o discurso sobre os direitos humanos não têm origem na fé ou em qualquer religião, pois muitos crimes e atos de brutalidade que já foram e ainda são cometidos contra a humanidade, têm suas origens naqueles que defendem a sua fé de forma sectária. A bandeira dos direitos humanos é de origem racional, surgiu com base nos ideais iluministas, entre os séculos XVII e XVIII, período em que o mundo moderno viu o poder concentrado nas mãos dos reis absolutistas. Monarcas que não respeitavam as minorias e usavam da força e da violência para impor os seus interesses.

Foi para romper com esse modelo político que durante a Revolução Francesa utilizou-se o lema liberdade, igualdade e fraternidade, e logo após a queda Bastilha, foi criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Os questionamentos com relação às declarações e a postura adotada pelo Pastor e deputado Marcos Feliciano não visam atingir os evangélicos e ou estabelecer no Brasil o movimento de apologia ao homossexualismo. Até por que, do ponto de vista bíblico, o pastor está certo. No entanto, é preciso entender que o período histórico em que vivemos, exige que sejamos “mais humanos uns com os outros” e devemos “respeitar as diferenças”. Sem violência e preconceito.

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!