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Por Adelmo José dos Santos, Poeta e escritor serra-talhadense

Esse time é o “A.F.A.S” Associação Ferroviária Atlética de Serra Talhada. Foi fundado na década de 50, pelo Sr. Ataíde, um funcionário da Rede Ferroviária na época. Em pé da esquerda para a direita: Lelinha, Lavoura, não identificado, Jaime de Jaú, Miguelzinho e Basto de Zefa. Agachados: Chico de Roxa, Henriquêta, não identificado, Assis de Florentino e Milton da Colier. Esse é um time que eu não cheguei a ver jogar, eu fiquei fora do tempo e não pude acompanhar.

Eu repuxo as memórias e não consigo encontrar um pedaço dessa história. Mas tem três jogadores que eu vi jogando em outros times na década de 60, que são: Lelinha, Chico de Roxa e Lavoura. Lelinha jogava na defesa, era beque central, tinha um estilo clássico com muita categoria. Chico de Roxa que está na foto na posição de ponta direita, se destacou no time do Comercial e noutros times jogando na ponta esquerda. Era um ponta corredor, tinha muita habilidade e fazia muitos gols. Com as suas arrancadas indo pra linha de fundo agitava os torcedores. Miguelzinho-pai de Waldick e Nelson- era goleiro chamado de gato preto, era a pantera negra, foi um dos melhores goleiros do futebol de Serra Talhada.

Quando ele jogava pegava tudo, não passava nada. Era no tempo que os goleiros voavam e caiam com a bola em suas mãos. Quando o atacante chutava, os goleiros seguravam dando um show à parte. Lavoura era quarto zagueiro, gostava de dar bicicleta, foi um grande marcador. Quando o time adversário lançava a bola na área, lavoura tirava a bola de bicicleta. Isso era no tempo que o futebol do interior do Nordeste era conhecido como futebol de poeira. Os campos eram de terra, quando o jogo começava a poeira levantava.

Os jogadores usavam uma chuteira que era feita com pregos, quando chovia a chuteira ficava cheia de barro e muito pesada. Muitos jogadores jogavam sentindo os pregos pegando no calcanhar, quando o jogo acabava demorava um pouco pra tirar os meões que ficavam enganchados nos pregos das chuteiras. As bolas eram feitas de couros e eram costuradas, quando ficava melada de barro, ficava muito pesada. Veja na foto o físico dos jogadores, não tem nenhum barrigudo, estão todos bem sarados e nenhum é profissional, são todos trabalhadores que se encontravam aos domingos para jogar futebol.

Lavoura era um chapeado, trabalhava na “SANBRA” carregando e descarregando caminhão de mercadorias. Apesar de todas as dificuldades o futebol era jogado com magia e com muita criatividade e alegria. A torcida era animada, enquanto dentro do campo os jogadores se divertiam. Foi um tempo que deixou muita saudade, a torcida ia pro jogo e ficava satisfeita com o futebol que via. A torcida delirava era uma alegria só, com os dribles de banho de cuia que passou a ser lençol. Na escalação dos times tinha o fubeque na defesa e no ataque o centroefó, os laterais eram ralfos indo até o meio do campo, os pontas jogavam do meio do campo pra frente, eram pontas dribladores quando pegavam na bola animavam os torcedores.

Quem jogava com a camisa 10 era o melhor jogador, tinha os passes perfeitos com jogadas de efeitos que se transformavam em gol. Os goleiros faziam pontes mexendo com os torcedores que ficavam emocionados loucos pra gritar o gol. Num jogo contra um time de “Princesa Isabel – PB”, houve um pênalti contra o “A. F. A. S.” e Miguelzinho ficou de costas para a bola, quando o adversário bateu, Miguelzinho se virou e espalmou a bola fazendo a defesa. Essa defesa foi comentada por muitos anos nas resenhas esportivas de Serra Talhada e região. Desse time do A.F.A.S são falecidos : Lelinha, Lavoura, Miguelzinho, Basto de Zefa e Assis de Florentino.

Milton da Colier está morando em Recife e Chico de Roxa vive aqui em Serra Talhada. Há pouco tempo atrás Chico de Roxa estava jogando futebol no Clube Moreirão, eu tive o prazer de poder jogar com ele, nós chegamos a fazer alguns gols juntos, tabelando. Foi muito bacana, foi um sonho que acabou sendo realizado. Na foto tem dois jogadores que não foram identificados, se alguém souber quem são, por favor, me ajude a terminar de escrever essa história! Essa matéria é pra você, Chico de Roxa! Sinta essa emoção! Um beijo no seu coração!