*Paulo César é professor e pesquisardor especialista em História Geral

Após um período de intensa movimentação – algo nunca visto em nossa cidade – chegamos finalmente ao início da campanha eleitoral, que contará com apenas duas candidaturas para prefeito, fato que não ocorria  há quase cinqüenta anos. Essa situação só foi possível por que o processo pré-eleitoral foi bastante deformado, a quem diga que foi “doidona”, o que é um absurdo. Na verdade, cada passo  dado pelos grupos foi com extrema consciência, cada lado sabia e sabe bem o que quer. Porém, o diferencial foi à interferência do coronel Eduardo Campos, que não mediu esforços para fortalecer o palanque do seu candidato Sebastião Oliveira. Graças à interferência do Coronel, vários partidos foram cooptados e acordos foram fechados na calada da noite sem que os filiados locais pudessem opinar.

O maior feito de Eduardo nessa campanha foi ter unido “água e óleo”, Inocêncio Oliveira e Augusto César, o fato histórico foi à grande RENOVAÇÃO da política local. O que parece na verdade uma grande piada, os dois grupos em nada oferecem de novidade, a mais de trinta anos se alternam na condução do poder executivo local. Sendo assim, cai por terra o discurso do novo, pois, no mínimo, os dois grupos passaram por uma bela recauchutagem, ou quem sabe modificaram apenas a embalagem, já que o conteúdo continua o mesmo, autoritário e retrogrado. E pelo outro lado, apesar de todas as contradições e incoerências que levaram a filiação de Luciano Duque ao PT, estará representado com duas boas novidades. A primeira delas é a possibilidade real do PT conquistar a Prefeitura Municipal, sonho tentando em
duas oportunidades, em 1982, com Raimundo Aquino e 2004, com Dr. Fonseca.

“Cai por terra o discurso do novo, pois, no mínimo os dois grupos passaram por uma bela recauchutagem, ou quem sabe modificaram apenas a embalagem, já que o conteúdo continua o mesmo, autoritário e retrogrado

Caso os petistas cheguem ao poder estarão derrubando uma escrita. Será a primeira vez desde a década de 60 que a cidade não será governada por alguém que não faz parte dos grupos familiares Ignácio/ Oliveira, Pereira/Conrado e Carvalho.
A outra importante novidade é fato de uma mulher está disputando as eleições como candidata a vice-prefeita, coisa que não acontece desde de 1992, quando dona Penha Oliveira foi candidata a prefeita, por sinal a única a tentar, e tendo como vice professora Rosário. Quatros anos antes a professora e petista Zefinha Santos encarava o desafio de concorrer em uma eleição majoritária em uma chapa que era encabeçada por Dr. Paulo César.

Tatiana Duarte não é a candidata que agrade aos meus pensamentos ideológicos, mas é inegável que do ponto de vista político-sócio-cultural, a sua candidatura representa muito, principalmente em se tratando de uma cidade extremamente conservadora e machista como a nossa. Os passos dados por ela podem ajudar a derrubar não só os coronéis, mas também tabus, assim como vem fazendo Dilma Rousseff como presidenta. A favor de Tatiana pesa o fato de ser uma mãe de família exemplar, uma educadora social, pois desempenha a função de Pastora e radialista, ao contrário de outros, que terão que explicar ao eleitor por que andam acompanhados de pistoleiros ou ainda
zombando e menosprezando os adversários. Para alguns poucos preconceituosos, o fato negativo se dar pelo fato dela ter nascido na Paraíba, uma atitude que demonstra como é pequena a cabeça de alguns politiqueiros.

Pois bem, se todos pesassem assim, nós, legítimos pernambucanos, não iríamos aplaudir e enaltecer a obra de Ariano Suassuna, e nem  votaríamos nele para governador pelo fato do mesmo ser paraibano. Dada às devidas proporções, tanto Ariano como Tatiana, devem ser respeitados em nosso estado e em nossa cidade, independente de credo religioso ou opção político partidária, e principalmente pelas suas origens. E para encerrar, nada melhor do que  parabenizar Tatiana e a todo as mulheres paraibanas, pernambucanas, serra-talhadenses , em fim a todas as mulheres , citando um trechs da música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que com muito bom humor buscou mostrar o lado forte e guerreiro da mulher nordestina: “… Paraíba masculina mulher macho sim senhor!…”

“A outra importante novidade é o fato de uma mulher. Coisa que não acontece desde de 1992, quando dona Penha Oliveira foi candidata a prefeita. Quatros anos antes a professora e petista Zefinha Santos encarava o desafio de concorrer em uma eleição majoritária em uma chapa encabeçada pelo Dr. Paulo César”

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