muroPor Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada

Toda nossa vida acontece dentro dos muros que nos cercam. Alguns, só visíveis a nós mesmos, aliás, estes são os mais difíceis de serem destruídos. Fora deles, imaginamos que se encontra a tão desejada felicidade. Definimos então como estratégia de vida, destruir, um a um, todos estes muros que hipoteticamente  nos afastam dela.

Acontece que dentre  os diferentes muros que se apresentam para cada um de nós, há três que nos são comuns,  os governamentais: o municipal, o estadual e o federal, e por mais que se tenha êxito na superação dos outros muros, estes continuarão lá obstruindo o caminho para a conquista de uma maior felicidade. Infelizmente, a luta pela superação dos nossos diversos muros particulares do dia a dia nos consome tanto tempo e energia que descuidamos destes três muros coletivos, muitas vezes se quer discutindo ou se preocupando com a qualidade dos que têm a obrigação constitucional de destruir eles.

Construídos com a má aplicação de grande parte dos esforços daqueles que dia a dia enfrentam com o seu trabalho honesto a superação dos seus muros particulares, estes  nossos muros comuns, precisam ser destruídos e transformados em pontes e presídios, para respectivamente, levarem os que vivem do seu trabalho honesto a uma boa qualidade de vida e os que se locupletam dele, para serem reeducados em prisões adequadas.

De alguma forma, aqueles que vivem honestamente do seu trabalho, precisam se envolver neste desafio, tirar um parte do tempo do seu dia para cuidar da desobstrução  deste muro, tirar nem que seja um tijolo dele a cada dia e assim a medida que supera os seus muros particulares contribuir para evitar a decepção, após anos de trabalho árduo, de concluir que entre si e a maior felicidade ainda há estes três enormes muros.

Os muros têm algo que lhes tornam ímpar, pois mesmo se construídos, exclusivamente,  por quem está em um dos lados, impõem aos que estão do outro lado o mesmo sentimento de separação. Entre os mais famosos está o de Berlim. Alemães, irmãos, parentes, uma mesma nação, dividida,  separada por um muro de tijolos e concreto construído por uma ideologia oportunista. De um lado a admiração a cor da pintura do muro, do outro, a admiração a cor da bandeira do país. De um lado um discurso que se dizia a melhor forma de viver, um modelo que prometia a verdadeira inclusão social, do outro, uma efetiva melhor qualidade de vida para todos. Como discurso não resiste a pressão da realidade e cada palavra vazia dele é um impacto no muro da mentira, o tempo se encarregou de colocá-lo no chão e a Alemanha que estava dividida em oriental e ocidental voltou a ser a grande e única Alemanha.

Enquanto houver quem admire mais as cores destes muros do que as cores que identificam o nosso país, eles continuarão firmes e em pé, restando apenas usá-los como muro das lamentações. Hoje, faça alguma coisa que demonstre sua indignação com a existência destes muros, nem que seja uma simples pichação como esta que você acaba de ler.