centro 2Por Adelmo Santos, de Serra Talhada

Um campo duro de terra com pedras por todos os lados, pra ser um Centro Esportivo, o Luiza Kerhle deveria ser gramado. Quando a pelada começa parece uma briga feia no local apropriado, uma arena verdadeira deixando os jogadores encobertos de poeira. Lá não tem um pingo d’água não existe uma torneira, é pior que o deserto que existe no Saara. É pena ver o atleta que arrisca a sua vida, quando ele leva uma queda fica cheio de feridas.

Para ter a pista livre é preciso ter cuidado, a pessoa vai correndo desviando dos cavalos. Um time treina no campo invadindo toda a pista atrapalhando quem faz caminhada ou corrida. Lá tem muro com portão todos os lados são fechados, mesmo assim o cidadão vai dividindo os espaços com os cachorros e com os cavalos. Um dia eu fazia um Cooper e quase fui pisoteado, quando eu olhei para trás levei um susto danado, me deparei com um peão montado em um cavalo.

Agora não tem cavalos porque o tempo está seco, mas é só voltar a chover pros cavalos aparecerem procurando o que comerem. Tem uns canos de esgotos que ficam expostos sobre a arquibancada que de vez em quando estouram e a fedentina se espalha deixando a pista molhada. Foram plantadas várias árvores em frente da arquibancada, pra sorte dos torcedores a maioria morreu, de todas as árvores plantadas só uma sobreviveu pra servir de testemunha do “Cúmulo da Ignorância”, como prova da noticia que as árvores foram plantadas bem em frente da torcida.

De vez  em quando eu me pego conversando com essa árvore, eu pergunto pelas outras, a árvore fica calada e não me responde nada. Quem sabe as outras não nasceram por terem sido educadas e ficaram com vergonha de crescerem em frente da arquibancada? Essa árvore que nasceu é uma grande guerreira que acabou solitária, é um produto do meio que nasceu pelas beiradas sofrendo as consequências de um lugar que não tem água e viver sem ser aguada.

Quando eu vejo essa árvore eu procuro ficar perto, ela sabe os meus segredos eu a chamo de Rosinha, ela já me viu chorando, ela já me viu sorrindo, eu nunca pensei em ter uma árvore, mas sinto que ela é minha. Eu falo com os meus botões mesmo estando sem camisa, eu fico olhando pra árvore e vejo um símbolo de vida, como uma flor no deserto que contrariou a lógica e acabou dando certo. Ressurgindo para a vida, sem ajuda e socorro de nenhum ambientalista.