Opinião: “Qual o melhor número e tamanho das partes de um todo?”, por Eugênio Marinho

Por Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada

Diariamente estamos sempre dividindo algum todo em partes. E é esta conta simples uma das coisas que define se teremos êxito ou fracasso naquilo que nos propomos a fazer. Por exemplo, todos nós dispomos de um total de 24 horas por dia para dividir em diferentes partes que contemplem todas as nossas obrigações e necessidades diárias.

Se você é uma criança ou um jovem estudante, precisa ter incluído entre estas partes do dia um bom tempo para estudar, caso contrário não terá êxito nos estudos e assim poderá comprometer muito seu futuro. Neste caso, os pais têm papel fundamental ao ajustarem, quando necessário, esta divisão. Determinando, consensualmente com os filhos, tantas horas para estudar, outras tantas para brincar e assim dividir todo o dia deles, impondo consequências ao não cumprimento do pactuado.

Da mesma forma se você é empregado, profissional liberal ou empreendedor, é necessário dedicar um bom tempo do seu dia a sua atividade para conquistar a satisfação do cliente e só assim obter êxito. Neste caso, o cliente é quem promove o ajuste e é sempre bem mais duro que os pais, pois simplesmente, se não perceber qualidade na sua atividade, lhe abandona.

Quando fracassamos, na tentativa de termos sucesso no que fazemos, podemos está cometendo dois erros primários nesta divisão: primeiro, o de não privilegiar as partes que são relevantes para a conquista do que é desejado e segundo, esquecer que existe um todo, um total a ser respeitado, no caso, a duração do dia, 24 horas.

A não observância destes dois aspectos relevantes, dividir o todo, a receita por exemplo, quer seja familiar, municipal, estadual ou federal, em partes diferentes, respeitando a importância de cada uma na conquista do objetivo desejado. E jamais esquecer que existe um todo a ser respeitado, são tecnicamente, alguns dos responsáveis pela realidade caótica de uma gestão financeira familiar ou pública. Isto porque no limitado todo só cabe mais uma despesa se diminuir ou eliminar outra ou pior, se criar uma outra despesa futura chamada juros.

Com um total bruto aproximado de R$1,3 trilhões de reais em tributos arrecadados e com uma grande parte dele já comprometido pelo tamanho do estado, daí a importância dele ser o menor possível, o Brasil, precisa definir com o que sobra destes recursos, as partes restantes que se destinarão as demais demandas da sociedade de forma a viabilizar a melhoria da qualidade de vida dela.

Neste caso, é a justiça, como parte cara e já incluída no custo do estado, paga por todos nós, que tem a função constitucional de julgar e punir exemplarmente aqueles que teimam em incluir nas partes que constituem o todo da arrecadação dos impostos algumas partes que só beneficiam eles próprios.

Na minha opinião e sem a demagogia dos que tentam enganar o povo desconsiderando a realidade da existência de um todo limitado de arrecadação a ser respeitado, o estado deveria:

– Ser o menor possível.
– Garantir saúde e segurança para todos.
– Garantir educação gratuita e de qualidade até o ensino médio para todos.
– Subsidiar o transporte coletivo.
– Ter políticas de assistências resgatadoras.
– Ter regras  claras e estáveis que estimulem os empreendedores prioritariamente nacionais a suprir, em ambiente de concorrência ou de regulação, as demais demandas da sociedade que o todo da arrecadação não suporta.

Com uma boa assistência médica, segurança, uma boa base escolar, podendo ir e vir a preços módicos, e uma mão estendida para resgatar os mais necessitados, qualquer cidadão teria a possibilidade de escrever sua história de superação muito mais facilitada.

Qual o melhor número e tamanho das partes de um todo? As respostas a este problema podem ser as mais diferentes, mas aquelas que não respeitarem o todo e não elegerem corretamente as partes relevantes para a conquista do desejado, sempre darão em nada. A situação atual vivida pela Grécia e por vários outros países do mundo e a nossa atual crise econômica são evidências contundentes desta realidade.

Diz o ditado popular que coração de mãe sempre cabe mais um, mas  este  é um caso único de elasticidade do todo sem conseqüências negativas para todos.