eugênioPor Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada

Já sabemos que em Serra Talhada a prefeitura recebe em quatro anos, aproximadamente, R$7.500,00 por habitante. Mas, milhares destes habitantes, principalmente crianças, jovens e os idosos, dependem do bom senso de outros, os eleitores, para definirem seu presente e futuro.

Em 2012, dos 80.000 habitantes de Serra Talhada apenas 43 mil votaram. Assim, 37 mil entregam a esperança de um futuro melhor na mão destes eleitores. Sob esta ótica, cada eleitor fica responsável por, aproximadamente, R$ 14 mil destinados a melhorar a qualidade de vida de todos. Cada R$100 recebido por um eleitor de um político desonesto, jogam fora grande parte dos R$13.900,00 restantes destinados a ruas mais limpas, melhores escolas, praças mais bem cuidadas, assistência médica mais decente, mais segurança, mais amor próprio, mais esperança.

Vamos fazer algumas ilações sobre uma cidade hipotética que tivesse uma situação análoga a de Serra Talhada e vamos considerar que os percentuais de propina nela sejam iguais aos que vemos serem noticiados em outras cidades brasileiras, 10%. Assim, se nesta cidade, o prefeito vencedor das eleições gastou o equivalente a R$ 4 milhões em sua campanha, algo que só alguém mal intencionado gasta, com várias despesas irregulares, inclusive dando R$100,00 a muitos eleitores, vejamos o tamanho do lucro dele.

Bom, 10% de R$600.000.000,00( receita da cidade hipotética e idêntica a de Serra Talhada em quatro anos) é R$ 60.000.000,00, como o prefeito gastou R$ 4 milhões, o lucro dele, se ele agir assim,  é de R$ 56 milhões. O que você faria com tanto dinheiro?

Agora, se você pensa que o prejuízo da população é este, tenho algo muito triste para lhe dizer: Geralmente a maior parte deste dinheiro sai através de fornecedores que obviamente são coniventes com tudo, e obviamente irão também pegar a sua parte, aumentando seus preços muito mais do que os valores de mercado ou diminuindo a entrega do que foi pactuado, ou pior através de notas fiscais frias de empresas fantasmas. Para efeito de dimensionamento deste prejuízo vamos supor que todos estes e outros desvios equivalem também a 10% da receita, assim teríamos em quatro anos uma perda total de R$120 milhões devidamente acomodados na caixa preta de nossas gestões públicas. Ou seja, o prejuízo da cidade se multiplica enormemente, e é ele que contribui para dá os traços  da cara da nossa realidade.

Quem surgiu primeiro, o político desonesto que dá um dinheirinho ao eleitor ou o eleitor que dá um dinheirão ao político desonesto? Jamais saberemos, mas isto é irrelevante para o futuro próspero que desejamos, para ele, que será essencialmente formado por nossos filhos e netos, resta a esperança de darmos uma basta nesta nossa triste realidade. Quem nos colonizou, quem nos antecedeu, nada pode mais fazer a respeito. Esta, é a nossa hora. O futuro próspero exige que sejamos inteligentes e capazes para construirmos e cobrarmos um novo modelo de gestão pública.