Nunca na história desta cidade um governo foi tão cobrado em tão pouco tempo. Serra Talhada, a maior do Sertão do Pajeú, vive um momento diferente. Por um lado, a queda eleitoral do caciquismo político acabou emergindo novas lideranças políticas, mas não novas idéias. Por outro viés, e mais importante, a sociedade ficou bem mais atenta e exigente com uma gula insaciável de exercício de cidadania. E que chega a dar orgulho. Pelo menos na mídia digital a gula parece avassaladora.

Ouso a dizer que, nestes 30 dias de governo, o prefeito Luciano Duque não teve o comportamento do prefeito da cidade de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), que até fez charme para se deixar fotografar varrendo as ruas de sua cidade. Em Afogados, pintura de meio-fio é um flash. Mesmo comportamento do Geraldo Júlio, prefeito do Recife, que saiu às madrugadas sob os holofotes da mídia. Mas este não é o nosso terreiro.

Durante 30 dias, o petista Luciano Duque deu o tom do governo, mas não desenhou a sua face. É muito cedo para se ter um rosto? Não sabemos… Foi positivo o anúncio das metas para o secretariado, a visão macro da cidade (leia-se o ponta-pé no projeto do anel viário), o debate em torno do hospital municipal, as pontes com o Governo Federal e até a decisão política em quitar débitos do seu antecessor, o que acabou sendo o seu ‘calcanhar de Aquiles’, uma vez que não conseguiu pagar dezembro aos aposentados e pensionistas.

Numa máquina viciada em deixar salários atrasados entre três e seis meses, Duque foi na contramão quando tomou a decisão política em honrar o mês de dezembro com os servidores. Neste ponto, a história poderia ter sido bem pior. Os desacertos em 30 dias ficaram mais por conta da ausência de um ‘DNA’ do governo. A indicação do corpo de secretários, atribuição inerente ao gestor; ainda não tem o viés do que foi prometido durante a campanha eleitoral.

Com algumas exceções, a ‘máquina’ ainda tem uma engrenagem velha e viciada para um governo que pregou a ruptura com o ‘coronelismo’ político implantado em Serra Talhada. Assim como o próprio prefeito Luciano Duque ainda guarda, mesmo que de forma adormecida, o ‘germe’ rancoroso dos que não aceitam críticas e muda de comportamento com quem ousa fazê-lo. E faço uma reflexão defendendo o uso da crítica construtiva, a que deseja uma cidade melhor e um povo feliz com o seu gestor. Repudio o linchamento moral e a regra do ‘quanto pior, melhor’ que alguns ‘desmiolados’ insistem em praticar.

Por fim, se colocarmos na balança o que foi de positivo e negativo nestes 30 dias de governo petista, o prefeito Luciano Duque sai com crédito. Todos sabem que as finanças da prefeitura não estão saudáveis. Pode ser uma desculpa? Pode. Mas é um fato. Compete ao prefeito exagerar na transparência no uso do dinheiro público e envolver a sociedade em sua gestão. Não bastam os flashes utilizados pela sua competente assessoria de comunicação. Para dar certo, é necessário que o governo exponha suas vísceras e não fuja do que foi prometido em palanque.

Um bom domingo para todos!