Por Sebastiana Nunes da Costa, Pedagoga e Psicanalista

Temos vivido nos últimos tempos uma verdadeira “ditadura” gay na nossa sociedade, são pessoas que de alguma forma fizeram a sua opção de vida ou como é mais comum de se ouvir tem uma orientação sexual diferente. Não tenho com esse artigo a menor intenção de inflamar ânimos já há muito exaltados no que diz respeito ao tema, a minha intenção na verdade é ponderar sobre os dois lados de uma mesma questão.

Enquanto se fala de liberdade em todos os âmbitos da sociedade, enquanto se valoriza minorias há tempos esquecidas, por outro lado se esquece de dar esses mesmos direitos de escolha aos demais. A história do Brasil nos mostra que somos sempre guiados por extremismos a exemplo da Ditadura Militar, enquanto se dá direito a uns, se retira ou tolhe o direito de outros. Estamos vivendo hoje mais um capítulo dessa história, no que diz respeito ao polêmico texto que deverá ser votado no próximo dia 03/07 na Câmara dos Deputados que recebeu a alcunha de “CURA GAY”, mas este texto nada mais é, a meu ver, uma contrapartida de um direito que foi negado ao cidadão pelo Conselho Federal de Psicologia e não uma imposição de ser ou não gay.

Digo direito negado porque, enquanto a homossexualidade é definida como uma orientação e não uma patologia, pode então, o cidadão homossexual querer buscar para si um meio de se ver e se relacionar consigo mesmo e com o outro quando este não estiver satisfeito com tal condição/orientação. Seria temerário se não déssemos a opção de busca pelo auto conhecimento, auto aceitação da pessoa e a sua plena realização enquanto homem, mulher ou homossexual, é temerário impor uma condição a pessoa que não se significa enquanto homem ou mulher, é temerário dizer que se eu optei em algum momento em ser gay eu não tenha a escolha de querer não sê-lo mais ou o contrario.

Não quero de forma alguma, deixo claro, defender o hetero ou o homossexual, esta de longe não é minha intenção, quero apenas levantar uma discussão acerca do que é direito de cada um e o que é imposição de alguns para esses que tem o direito de escolha. Penso que cada um de nós sabe o que é melhor para a sua vida, independente de sua orientação sexual, religião, posição social ou partidário politico, vejo no homem a capacidade de se inventar e re-inventar dentro da sua história e acredito na liberdade que nos concede a nossa Constituição Federal, liberdade de buscar para nós o que nos faz felizes e melhores enquanto pessoas, enquanto cidadãos, independente de ser ou não gay.

Mas essa mesma Constituição me dá o direito de escolher o melhor para mim, de aceitar ou não a minha condição e caso seja necessário buscar os meios que se façam necessários para a melhoria dessa condição. O respeito há de existir sempre, mas não o respeito unilateral como estamos vivenciando, o respeito deve ser bilateral, o gay respeitando a orientação do hetero e o hetero respeitando a orientação do gay, não há espaço na nossa sociedade para a imposição de valores, para a ditadura hetero ou homossexual, tem espaço sim para todos, tem espaço para as garantias dos direitos de cada um, para a liberdade de cada um, sem que os direitos e a liberdade do outro sejam cerceados.

Pois, quando se impõe a alguns algo que é bom para poucos se perde a oportunidade de mostrar que somos iguais e devemos respeitar a todos da mesma forma e que fazemos parte de um grupo bem maior, afinal somos todos HUMANOS.