Por Jorge Apolônio, Policial Federal e integrante da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

Genildo e eu somos amigos de infância. Nascemos e nos criamos no bairro Bom Jesus nos  anos 1960 e 1970. Ele é lulista de coração, e eu, antilulista, mas isso nunca foi motivo, nem deveria, para arranhar nossa amizade. Nós até debochamos e nos divertimos com isso no Facebook e pessoalmente.

Em virtude de minha profissão e sabendo que, atendendo a pedidos de parentes, eu já encontrei diversas pessoas perdidas por esse Brasilzão, alguns inclusive a partir de pedidos feitos aqui no Farol de Notícias, meu amigo Genildo me telefonou pedindo para encontrar a mãe de Leonardo. Contou-me que o então menino havia sido tomado da mãe em Foz do Iguaçu-PR pelo pai serra-talhadense, já falecido, e trazido para Serra Talhada, onde foi criado longe da genitora. Entrei nos sistemas da Polícia Federal e em poucas horas achei um tio materno do rapaz em Foz.

Ao contactar com o cidadão e me identificar, ele se mostrou arredio, mas, quando eu falei do seu sobrinho e que eu procurava a mãe do menino, ele se desmanchou todo em emoção e demorou a acreditar que o sonho de uma vida de sua irmã estava se realizando. O filho fora tirado dela com pouco mais de 2 anos e agora já era um rapaz. Contou-me da angústia da vida dela. Consegui o telefone dela e passei o telefone de Leonardo. Mãe e filho se falaram pela primeira vez depois de quase duas décadas. Eu só imagino a emoção. Horas depois, a mãe me ligou. Ela não cabia em si de tanta gratidão. Não sabia o que dizer para me agradecer. Falou tanto em Deus que, apesar de eu ser ateu, confesso que ela me sensibilizou com sua fé.

Isso tudo aconteceu há cerca de um ano, mas, só nesta semana, mãe e filho finalmente se encontraram e se abraçaram longamente. Vi aqui em matéria do Farol o vídeo e fotos do encontro no aeroporto. Quando Leonardo já estava no seio de sua família materna, aquele tio me ligou para anunciar o fato e novamente me agradecer. Eu ouvi o barulho da farra ao fundo. Tudo isso me emocionou profundamente. Eu já encontrei n vezes parentes perdidos, mas esse achado me comoveu, a tal ponto que eu não consegui escrever este texto sem uma choradinha básica. Como diria Roberto Carlos, “são muitas emoções”.  Que filho e mãe sejam agora plenamente felizes para sempre. Eu tenho quatro filhos. Sei o quanto é dolorido viver longe de dois, mesmo contactando com eles.  Imagine sem nem saber do paradeiro desde a infância. Feliz dia dos pais! Bom domingo a todos.