Publicado às 21h50 desta sexta-feira (14)

Por Paulo César Gomes, historiador, escritor, professor, analista político e colunista do Farol

A queda da popularidade da gestão Márcia Conrado, assim como outras oscilações negativas apresentadas no levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (IMAPE) em parceria com o Portal Farol de Notícias, acaba desconstruindo o discurso do grupo governista de que a prefeita possui mais de 90% de aprovação, enquanto o IMAPE aponta uma aprovação de 64,78%.

Mais de um quarto da população, 25,92%, rejeita a atual administração. Três considerações importantes devem ser feitas: A primeira é de que a tática de expor ações governamentais centralizadas na figura da prefeita, e de quebra, recorrendo apenas as redes sociais não está funcionando. “Os gênios das redes” de Márcia estão criando uma bolha e só conseguem dialogar com esse público.

Esquecendo-se que a cidade é plural, bem como as formas de se ter acesso à informação. Certamente os marqueteiros serão obrigados a mudar de estratégia. Outro fator que corrobora para o aumento da rejeição é diretamente ligado a falta de resposta da prefeita e de seus subordinados às demandas diárias apresentadas pela população.

As cobranças dos moradores, que vão do fechamento de Unidade Básicas de Saúde, a falta de medicamentos, a situação precária de algumas escolas, ruas esburacadas, asfaltos literalmente se desmanchando, acidentes em avenidas que não tiveram suas obras concluídas, licitações com valores chamativos e despesas com itens aparentemente desnecessários… Tudo isso não vem sendo aprovado pela sociedade.

Uma das últimas está relacionada as escolhas políticas feitas pela prefeita, a exemplo da aliança com ex-prefeito Carlos Evandro e com o ex-candidato Marquinhos Dantas. Ambos não estão influenciando em quase nada, nem no crescimento da popularidade e nem no melhoramento do funcionamento da gestão. Uma gestão que hoje é grande e pesada, mas que não é capaz de ser eficaz e ágil na solução de problemas simples. Uma delas é a incapacidade de dialogar. Isso mesmo de dialogar. De explicar. De estar presente no dia a dia do povo.

As constantes viajem da prefeita, ainda que seja para fins administrativos, não estão repercutindo bem junto à população. Isso porque poucas novidades administrativas, obras ou emendas estão sendo anunciadas. Por isso, opção por ocupar a presidência da AMUPE por apenas um ano tenha sido uma escolha equivocada.

Para concluir: É preciso destacar a falta sensibilidade em reajustar os salários dos professores e de outras categorias. Pelo segundo ano consecutivo os professores vão entrar em greve, fato que não acontecia há mais de 20 anos. Só refrescando a memória, todos os prefeitos que não tiverem bom senso com o pagamento dos servidores se deram mal, a exemplo, de Ferdinado Feitosa, que não elegeu Nena Magalhães (1992), Augusto César, que não elegeu Geni (1996), e o próprio Geni que mesmo eleito com folga não conseguiu se reeleger (2004).

Vale também destacar a fragilidade da defesa política da prefeita junto à sociedade. Na Câmara Municipal é bastante repetitiva e pouco convincente. Uma citação importante é que nem o PT (Partido dos Trabalhadores) de Serra Talhada oficialmente defende a prefeita. Isso também se explica pelo fato de que alguns vereadores estão só esperando a hora de ver o nome de Luciano Duque nas ruas para começarem a fazer suas escolhas.

E falando em Duque… Ele ainda tem buscado pautar quase que diariamente o seu mandato, produzindo uma agenda positiva, tendo a frente o competente o jornalista Divonaldo Barbosa, responsável por transformar a comunicação de Duque entre os 2014 e 2015, o que fez o então prefeito ser reeleito com tranquilidade em 2016. Luciano Duque é hoje, e talvez amanhã, a maior ameaça a reeleição de Márcia Conrado. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos!