É inevitável entrar no presídio onde 56 pessoas morreram no primeiro dia do ano e não lembrar os vídeos de extrema violência que foram compartilhados em redes sociais na última semana. Gritaria, explosões, tiros e corpos esquartejados e carbonizados amontoados.

A “BBC Brasil” foi a primeira equipe de jornalismo a entrar no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) e na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, onde quatro pessoas foram mortas dois dias após a primeira chacina.

Também entraram nas unidades representantes da Pastoral Carcerária, da ONG Conectas e de outras entidades de direitos humanos, além do deputado federal Padre João (PT).

A primeira barreira para entrar no Compaj está posicionada a 2 km da entrada. Neste ponto, cerca de 200 familiares e amigos de presos se reuniam debaixo do sol forte da terça-feira (10) na capital amazonense.

Ao lado de equipes de TV, eles estavam em busca de informações e faziam protestos para ter o direito de levar comida aos presos, que não recebem visitas desde a matança. Algumas famílias estavam havia horas com alimentos perecíveis sem refrigeração, como um frango inteiro e carnes, aguardando autorização para entregar.

A comitiva acompanhada pela “BBC Brasil” passou o bloqueio e seguiu por uma estrada em meio à mata até chegar a um grande portão verde com o nome do presídio. Depois de cruzar essa barreira, algumas portas e um longo corredor, chega-se à sala da direção do presídio.

Um furo na vidraça da janela chama a atenção. “Foi no dia da rebelião que fizeram isso. Um tiro disparado pelos presos atravessou o vidro e acertou um agente que estava aqui dentro para você ter uma ideia”, relata o secretário de Administração Penitenciária do Estado, Pedro Florêncio, que também estava na comitiva.

Do Portal Uol