FarmáciaPor Inês Carvalho, de Serra Talhada

“Queria que visse a possibilidade de fazer uma reportagem sobre a falta de medicamentos na farmácia do governo na unidade que fica ao lado do Hospam, na Jacinto Alves. Desde o mês de julho que a medicação está em falta, sendo entregue fracionada para possibilitar atender a mais pessoas. A última vez que recebi foi em 20 julho, a metade da medicação e receberia em 20 de agosto e não recebi nada!

A farmácia sede em Recife está fechada. Os funcionários da terceirizada Adlim estão sem receber e pararam. A transportadora também parou. Fiz um Transplante Renal em 19 de dezembro de 2000, depois de ficar dependente da máquina de hemodiálise por anos. Um sonho realizado com um gesto de amor e desprendimento do meu irmão, José Jesito de Carvalho, que me doou um dos seus rins.

Tenho medo de perder o rim transplantado e voltar a depender da máquina que realiza a hemodiálise. Como é que eles podem deixar isso acontecer? Deixar que uma parte doada por ele para minha vida morra por falta de remédios para evitar a rejeição? Além do mais a hemodiálise custa bem mais caro para o governo do que a doação de medicamentos para evitar a rejeição de órgãos transplantados.

Sou usuária da droga tracolimus 1mg desde quando a medicação só era fabricada pela Janssen-Cilag e importada pelo Ministério da Saúde. Hoje, o medicamento é produzido no Brasil pelo laboratório Libbs que é adquirido exclusivamente pelo SUS para distribuição gratuita aos pacientes transplantados.

Essa droga irei usar pelo resto da minha vida. Sair da máquina era meu sonho de liberdade, mas dependo de uso de medicamentos para não ter o órgão recebido rejeitado. Esse medicamento (tracolimo) do laboratório Libbs, em parceria com a Farmanguinhos, não está à venda no Brasil, sendo produzido para venda exclusiva ao SUS (Sistema Único de Saúde). O Prograf 1m da Janssen-Cilag, um provável substituto da droga, supostamente importado, sem garantia de autenticidade, é vendido em páginas da Internet por um preço proibitivo, em sites não confiáveis”.