HOSPAM: Pai denuncia que médico se recusou a atender sua filha no hospital e cobra respeito

Acho pertinente a queixa do pai. A solução para isso é acabar o famigerado plantão de 24 hs ou mesmo 12 hs. O certo é expediente de 8 hs, sem quarto para dormir, já que no plantão, como o próprio nome diz, é uma atividade contínua. Querer que um médico esteja em toda sua plenitude em um plantão de 24 hs, é engano. Aí criasse uma antipatia paciente/médico, que só prejudica a todos. Quanto ao custo dessa mudança não é muito a diferença. Quando atuei na área de direção, fiz as contas e era possível esta planilha. Quanto a história de fazer BO para médico, acho que não é preciso e acirra mais os ânimos. Nunca vi alguém falar em BO para Juiz que falta, e falta muito (aqui no Ceará só trabalha de terça a sexta pela manhã), tem recesso e férias, tem aluguel de casa, hotel e combustível, além de subserviência de grande parte da população. Também nunca ouvi alguém falar em BO para Prefeito que não dá expediente e passa a maior parte do tempo viajando com diárias absurdas, etc.. etc. Portanto não estou defendendo médico desumano ou relapso, estou apenas alertando que há meios de se corrigir este desencontro que hoje existe entre médico e paciente. O primeiro remédio e Diálogo e em seguida desarmar o espirito e chegar a um consenso. Afinal a população precisa da bons médicos e os médicos de verdade precisam da população. Há muitos anos não dou plantão, mas sei da complexidade de um plantão. Meu Nome é Antonio Rodrigues, médico, formado pela Faculdade de Medicina da UFPE, trabalhando no Ceará há cerca de 35 anos

SE CHAMAR EM DESCASO CHAME HOSPAN, OUTRO DIA MEU FILHO ADOECEU PELA MADRUGADA E A EMERG~ENCIA ESTAVA DE LUZES APAGADAS E PORTAS FECHADAS!NO OUTRO LADO DO PORTÃO ELES DISSERAM QUE NÃO TINHA NENHUM MÉDICO, QUE TERRIVEL JÁ DEVERIA VIRO MINISTÉRIO PUBLICO FAZER UMA INTERVENÇÃO FORA AS PESSOAS QUE MORREM POR LÁ ATÉ AS FOTOS SÃO ESPALHADAS PARA AS PESSOAS ADMIRAREM A DOR ALHEIA.

Trabalho em um hospital de porte considerável, que serve a três Estados. A demanda de pacientes é imensa. Tenho tido a oportunidade de conviver com essa dinâmica e sei o quanto é estressante o trabalho de todos os componentes da equipe de saúde, sobretudo pelas restrições para a execução satisfatória das atividades, ultimamente agravadas com a crise geral. Mas nada, absolutamente nada justifica a falta de humanização, o atendimento desrespeitoso, a ausência da escuta. As questões burocráticas das condições de trabalho devem ser tratadas com os empregadores e não descarregada sobre os pacientes, afinal de contas ninguém busca um serviço de saúde gratuitamente (nem o paciente, que paga seus impostos e nem o profissional, que recebe seu salário). Um médico também é terapeuta, um terapeuta da doença em um corpo, é certo, mas as doenças e os corpos sempre estão acompanhados de sujeitos. Sujeitos doentes, por sua vez, estão sempre um pouco mais fragilizados, necessitados de amparo e de acolhimento humanizado. A tendência médica em se colocar à parte da subjetividade é uma questão duplamente cultural. Primeiramente, porque a sociedade costuma endeusar essa profissão e, alguns desses profissionais acabam acreditando mesmo que são superiores. Depois, porque na sua formação, tradicionalmente, não há um encaminhamento para as questões relacionais, os vínculos entre quem cuida e quem é cuidado, a escuta, o diálogo, a troca, a subjetividade. Logicamente, todas as profissões têm seu valor. A medicina é então a maior porta para observação da fragilidade humana, para oportunidade de cuidar, para a verificação de que qualquer um de nós está sujeito a quadros penosos. Portanto, nela não cabe soberba, arrogância, desrespeito.