Do JC Online

O sentimento de impunidade para quem é vítima de roubo ou furto de carros em Pernambuco pode ser traduzido em números. Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), 19.605 veículos foram alvos de criminosos em 2017. Desse total, até agora, a Polícia Civil só conseguiu concluir 491 investigações. Ou seja, menos de 3% dos inquéritos foram bem-sucedidos e conseguiram descobrir os autores dos assaltos.

Na capital pernambucana, esses números são ainda mais preocupantes. Oficialmente, 3.802 veículos foram roubados em 2017. Mas só oito inquéritos foram concluídos até julho deste ano. A taxa de resolução é inferior a 1%. Vale lembrar que no Recife há uma delegacia especializada para investigar exclusivamente esse tipo de crime.

E a situação fica mais crítica se forem analisadas as estatísticas dos outros municípios do Estado. Abreu e Lima, por exemplo, registrou 213 roubos em 2017. Até agora, nenhuma investigação foi concluída. No Cabo de Santo Agostinho, também na Região Metropolitana, 449 carros foram alvos de criminosos, mas só quatro inquéritos concluídos. Em Olinda, 664 roubos, e só seis investigações encerradas com sucesso.

No Interior de Pernambuco, apesar de o número de assaltos dessa modalidade ser menor, a taxa de resolução dos casos também é pífia. Municípios como Águas Pretas, Águas Belas, Barreiros, Chá de Alegria e Altinho registraram dezenas de roubos de veículos no ano passado, mas nenhuma investigação foi concluída até agora. Um reflexo da falta de efetivo policial, como inúmeras vezes já foi denunciado pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE).

Os dados da reportagem foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Os números foram atualizados em julho deste ano.

POLÍCIA NÃO COMENTA

Na manhã da quinta-feira (23), o Ronda JC solicitou à assessoria da Polícia Civil de Pernambuco uma entrevista com o delegado de Roubos e Furtos de Veículos para repercutir as estatísticas e saber quais os entraves nesse tipo de investigação. A assessoria, no entanto, informou que o delegado só poderia dar entrevista na próxima semana. O blog solicitou, então, que a assessoria da Polícia Civil respondesse aos questionamentos, mas nenhum posicionamento foi dado.