Do Diario de PE

Uma performance realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) tem recebido críticas nas redes sociais depois da viralização de um vídeo na internet. As imagens mostram o artista Wagner Schwartz sem roupas, deitado no centro de um tablado, interagindo com os espectadores, incluindo uma criança que aparenta ter entre quatro e seis anos de idade. A menina toca na ponta dos dedos da mão e na canela de Schwartz e depois sai para assistir ao resto da apresentação, sem conotação sexual aparente.

Intitulada La bête, a intervenção ocorreu na última terça-feira (26), como parte da abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira. A performance é inspirada na obra Bichos, de Lygia Clark: uma série de esculturas de animais em alumínio que podem ser manipuladas pelo público, com intuito de fomentar a interação com a arte. Em nota, o MAM afirmou que o vídeo foi divulgado fora de contexto, já que não mostra que a criança estava acompanhada da mãe e que a apresentação foi feita em espaço reservado, com sinalizações do conteúdo apresentado e sem conotação erótica.

“O Museu de Arte Moderna de São Paulo informa que a performance La bête, que está sendo questionada em páginas no Facebook, foi realizada na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira, em evento de inauguração. É importante ressaltar que o Museu tem a prática de sinalizar aos visitantes qualquer tema sensível à restrição de público. Neste sentido, a sala estava devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística. O trabalho não tem conteúdo erótico e trata-se de uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark, artista historicamente reconhecida pelas suas proposições artísticas interativas. É importante ressaltar que o material apresentado nas plataformas digitais omite a informação de que a criança que aparece no vídeo estava acompanhada de sua mãe durante a abertura da exposição. Portanto, os esclarecimentos acima denotam que as referências à inadequação da situação são fora de contexto”, declarou o museu.

Censura

Após o fechamento da exposição Queermuseu: Cartografias da diferença da arte brasileira no Santander Cultural de Porto Alegre no dia 10 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Sul (MPF/RS) enviou um ofício para a instituição recomendando a reabertura imediata da mostra até a data de encerramento prevista no calendário original. A exposição foi abruptamente encerrada após protestos nas redes sociais e na porta do museu sob acusações de que as obras lá contidas tinham relação com a pedofilia e zoofilia.

Um dos grupos empenhados no fechamento da Queermuseu foi o Movimento Brasil Livre, que também se pronunciou no caso do MAM. “Será que a extrema esquerda vai ter coragem de dizer que ninguém pode criticar o fato de uma menina de 5 anos ter ido tocar um homem nu em uma encenação?”, questionou a página oficial do grupo em uma publicação. “Mais uma vez, o dinheiro que poderia ir para serviços públicos é renunciado para beneficiar eventos que contrariam os valores da sociedade brasileira”, afirmou em outra. E acrescentou: “Talvez seja comum para eles uma criança envolvida em performances do tipo, só que a sociedade brasileira não é obrigada a assistir espetáculos de natureza criminosa e continuar calada”.