Caatinga - Mata da PimenteiraPesquisadores do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Nema/Univasf) desenvolveram e estão testando um modelo de recuperação da mata da caatinga. O experimento, iniciado no final de 2014, apresenta resultados positivos em uma área no município de Cabrobó (PE) e, se comprovado como eficiente, será implantado em áreas impactadas pelas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

O modelo de recuperação do bioma envolve o replantio de mudas, a conservação da água e a proteção das plantas dos ataques de animais da região. O processo é “simples, efetivo e de baixo custo”, ideal para as condições do semiárido, afirma o coordenador do Nema, Renato Garcia, que sobrevoou o viveiro e aprovou os resultados parciais.

Os pesquisadores plantaram, em uma área de aproximadamente 5 hectares ao lado da estação de bombeamento, mais de 5 mil mudas de 23 espécies nativas da caatinga, originárias de matrizes resistentes a estiagem prolongada. Além disso, cerca de 2 mil árvores adultas, de 25 espécies, fornecerão sementes.

Para driblar a escassez de chuvas e conservar a pouca água disponível, a equipe do Nema criou bacias topográficas artificiais, escavadas com máquinas pesadas e com diâmetro entre 20 e 30 metros – as águas das chuvas escorrem para a depressão, o que facilita o seu acúmulo.

Além disso, os pesquisadores montaram uma proteção contra três animais que normalmente se alimentam dessas plantas: bodes, carneiros e jegues, comuns da região. Cercas-vivas feitas de xique-xique, espécie de cacto com espinhos de até 10 centímetros, e macambira, um tipo de bromélia com espinhos pequenos e incisivos, mantêm os animais longe do espaço de recuperação de forma mais eficiente que as cercas de arames, geralmente depredadas ou furtadas.