Foto – Rafaela Felicciano/Metrópoles

Por Metrópoles

A Polícia Federal (PF) usou dados de registros de celulares e de entrada e saída do Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente da República, para confirmar o relato do tenente-coronel Mauro Cid, na investigação sobre a chamada minuta do golpe, resumo de decreto que previa a prisão de autoridades do TSE e do STF, além de convocação de novas eleições em 2022.

As informações constam em um documento da investigação obtido pelo blog da jornalista Andréia Sadi.

A existência da minuta foi revelado à PF pelo tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ao longo de todo o mandato, em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Comprovação

A corporação usou registros da movimentação no Alvorada e dados de Estações Rádio Base (ERB) para confirmar o relato de Cid e obter mais detalhes sobre participantes das discussões sobre a minuta do decreto e as formas como eles se comunicaram.

A partir dessas informações, além de dados descobertos no celular de Mauro Cid, a PF afirma que Bolsonaro sabia da existência da minuta, pediu e fez ajustes no teor dela e a apresentou a militares também investigados por tentativa de golpe de Estado para manter o agora ex-presidente ilegalmente no poder.

Segundo a PF, a cronologia foi a seguinte a minuta foi apresentada ao ex-presidente, no Alvorada, no dia 19 de novembro de 2022. Já no dia 7 de dezembro, o documento foi apresentado a Bolsonaro, juntamente, com militares. Dois dias depois, em 9 de dezembro, Bolsonaro fez alterações no decreto e apresentou ao general que ofereceu tropas.

O decreto não chegou a ser publicado. A PF, agora, considera prioridade ouvir o general Freire Gomes para confirmar a cronologia da minuta golpista.

O que diz o ex-presidente sobre a minuta do golpe

A defesa do ex-presidente disse que Jair Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.

Os advogados afirmaram que o documento de cunho golpista encontrado no gabinete de Bolsonaro havia sido impresso para que ele “pudesse tomar conhecimento” de materiais mencionados na investigação da Polícia Federal.

“O ex-presidente — desconhecendo o conteúdo de tais minutas — solicitou ao seu advogado criminalista, Dr. Paulo Amador da Cunha Bueno, que as encaminhasse em seu aplicativo de mensagens, para que pudesse tomar conhecimento do material dos referidos arquivos”

“A impressão provavelmente permaneceu no local da diligência de busca e apreensão havida na data de hoje, que alcançou inclusive o gabinete do ex-presidente, razão porque lá foi apreendido”, acrescentaram.

Em nota, a defesa também criticou a medida, determinada por Alexandre de Moraes, que apreendeu o passaporte do ex-presidente. Segundo eles, a determinação foi “absolutamente desnecessária”.