cunhaO Palácio do Planalto mobilizou a tropa de apoio na Câmara para garantir a votação das medidas econômicas que lhe interessa ver aprovadas na curta semana de trabalho na Casa. Mas lavou as mãos para a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Durante almoço na residência oficial de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente em exercício, Michel Temer, pediu aos aliados que votassem os destaques do projeto de dívida dos estados e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Nenhuma menção ao peemedebista fluminense. “Cunha não é uma pauta do governo, é uma pauta da Casa. Nossa pauta é a econômica”, esquivou-se o líder governista, André Moura (PSC-SE).

O almoço de Temer com os líderes, acompanhado dos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi articulado ao longo do fim de semana. Na quarta-feira passada, Temer já havia sido alertado pela cúpula do PSDB de que era preciso ter uma postura menos condescendente em relação ao ajuste fiscal. Na sexta-feira, marcou uma reunião emergencial com ministros econômicos e políticos para traçar as metas das próximas semanas. Ontem, fez um apelo aos líderes da base, presentes em peso ao almoço.

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“Precisamos votar as matérias econômicas para agilizar os investimentos no país”, disse Temer aos líderes presentes. Daqui a pouco mais de 10 dias, quando espera já ser presidente de fato, após a conclusão da votação do impeachment, ele embarcará para Xanghai e Pequim. Na primeira, terá uma reunião com empresários. Na segunda, participará da cúpula do G20. Em ambas, pretende mostrar que o país começou a virar a página das crises política e econômica.

Após o almoço, os líderes se reuniram na Câmara, com a participação dos deputados de oposição, e acertaram o cronograma das votações. Ontem, seriam votadas as três medidas provisórias que trancavam a pauta — crédito suplementar para Olimpíadas; prorrogação do Programa Mais Médicos e regularização do cadastro rural. Hoje, em sessão do Congresso Nacional, será a votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2017. Logo após, a Câmara conclui as votações dos três destaques do projeto que renegocia a dívida dos estados.

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Para aproveitar o quórum alto da semana, parlamentares da oposição, somados ao PPS e PSB, apresentaram um requerimento para tentar antecipar, de 12 de setembro para hoje, a votação da cassação de Eduardo Cunha. “Precisamos fazer isso para evitar que pensem que o assunto caiu no esquecimento. Caso contrário, daqui a pouco vão querer jogar a votação para depois das eleições e o assunto vai sendo empurrado para a frente”, ressaltou o líder da Rede na Casa, Alessandro Molon (RJ).

O assunto não foi aceito pelos demais líderes aliados. “A cassação de Eduardo Cunha ocorrerá em 12 de setembro e nós vamos garantir a presença maciça de nossa bancada. Cada liderança terá de se responsabilizar por isso e os deputados que não vierem a Brasília na sessão da cassação que arquem com o ônus dessa omissão”, criticou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou os questionamentos de que os aliados de Cunha poderiam esvaziar a sessão de cassação do peemedebista. Isso poderia prolongar a sobrevida do parlamentar fluminense. “O impeachment foi votado em que dia? Em um domingo. O então governo tentou esvaziar o quórum. Deu certo? Não”, afirmou ele, garantindo que será colocado em votação o relatório aprovado pelo Conselho de Ética, e não um projeto de resolução propondo uma pena mais branda.

Diário de Pernambuco