Do G1 PE

O policial militar responsável pelo disparo de bala de borracha que atingiu o olho e deixou o arrumador de contêiner Jonas Correia de França sem parte da visão foi indiciado pela Polícia Civil por lesão corporal gravíssima e omissão de socorro. Ele foi afastado disciplinarmente em junho e teve que entregar o armamento e a carteira funcional da Polícia Militar.

Além de Jonas, Daniel Campelo da Silva também perdeu a visão de um dos olhos durante a violenta repressão ao protesto pacífico contra Bolsonaro (sem partido), no Recife, no dia 29 de maio. Essa segunda investigação, no entanto, não foi concluída ainda, “faltando algumas diligências finais”, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS).

A SDS informou, ainda, que foi concluído o inquérito sobre o caso da vereadora Liana Cirne (PT), que foi agredida com spray de pimenta no rosto por PMs, mas não divulgou o resultado da investigação. O g1 questionou a secretaria, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. A vereadora informou que também não sabe o resultado do procedimento.

Jonas não fazia parte da manifestação e estava saindo do trabalho. Enquanto conversava com a esposa, foi atingido por um tiro, disparado a poucos metros de distância.

“A justiça está sendo feita. Eu não merecia estar passando por isso. Deus é justo”, declarou Jonas ao g1 saber da notícia, contando ainda que passou por uma cirurgia na quinta-feira (28) para retirada do globo ocular direito. “Foi a cirurgia de evisceração do olho. Quarta [dia 3 de novembro], eu tenho uma revisão e o médico vai me encaminhar para ver a prótese”, relatou.

O nome do policial indiciado não foi informado oficialmente pela SDS, que divulgou a conclusão e envio do inquérito para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

A secretaria alegou que preservou o nome em respeito “à Lei de Abuso de Autoridade – que, desde que entrou em vigor, em janeiro de 2020, veda a identificação de pessoas que respondem a processos”. A reportagem procurou o MPPE, mas não obteve resposta até a última atualização do texto.

No entanto, a TV Globo teve acesso a documentos com nomes e patentes dos 16 afastados devido à ação que apontam o autor como o terceiro sargento Reinaldo Belmiro Lins, do Batalhão de Choque. O g1 tentou localizar a defesa do policial, mas não conseguiu até a última atualização desta reportagem.

O boletim-geral da SDS trouxe, no dia 5 de junho, a informação de que a Corregedoria instaurou um Conselho de Disciplina para apurar a conduta do terceiro sargento e realizou o afastamento por meio de portaria no dia 15 do mesmo mês.

Jonas fez um acordo, em agosto, com o governo estadual. Na ocasião, ele afirmou que “ficou satisfeito”, mas não quis falar sobre o valor definido.

Corregedoria

 

De acordo com a Corregedoria Geral da SDS, dois dos sete Procedimentos Administrativos Disciplinares (PAD) foram finalizados. A instituição informou que os dois relatórios concluídos foram enviados para a análise do corregedor militar, mas não detalhou quais sobre quais casos eles tratam.