Foto: Evaristo Sá / AFP

Por G1

A operação investiga se militares ligados ao ex-presidente negociaram joias de forma ilegal. O valor das transações podem ter superado R$ 1 milhão. As joias que são alvo das apurações foram presentes para a Presidência durante o mandato de Bolsonaro. Pelas regras, deveriam ser incorporadas ao patrimônio do Estado, e não de uma pessoa.

O intuito do pedido da PF para a quebra de sigilo é saber se o dinheiro das joias foi enviado para Bolsonaro e se a verba para a recompra das joias partiu do ex-presidente.

A Justiça ainda tem que autorizar a quebra do sigilo.

A operação

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta uma operação contra pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro suspeitas de tentar e até mesmo vender presentes recebidos por integrantes do governo durante viagens oficiais.

De acordo com a PF, ao todo, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Brasília (DF), São Paulo (SP) e Niterói (RJ).

A TV Globo e a GloboNews apuraram que são alvos da operação:

  • tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro
  • Mauro Lourena Cid, também militar e pai de Mauro Cid
  • Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  • Frederick Wassef, advogado que já defendeu Bolsonaro e familiares

Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que apura a atuação de uma suposta milícia digital contra a democracia.

Segundo a PF, os crimes apurados na operação desta sexta-feira são lavagem de dinheiro e peculato (desvio de bem público).

Dinheiro para Bolsonaro

  • citação a US$ 25 mil supostamente endereçados ao ex-presidente Jair Bolsonaro;
  • tratativas para a venda de estátuas de palmeira e um barco folheados a ouro, recebidos pela comitiva brasileira durante visita oficial ao Bahrein em 2019;
  • negociações para levar a leilão um dos kits recebidos na Arábia Saudita com relógio e joias masculinas.

Segundo o inquérito, a mensagem foi enviada por Mauro Cid ao assessor especial de Jair Bolsonaro Marcelo Câmara.

No áudio, Mauro Cid afirma que o pai estaria com 25 mil dólares – “possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro”, segundo a PF.

Mauro Cid também indica, dizem os investigadores, medo de usar o sistema bancário para entregar o dinheiro ao ex-presidente da República. E uma preferência por fazer a entrega em dinheiro vivo, ou “em cash”.

“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)”, diz Cid no áudio.

Marcelo Câmara responde, em mensagem de texto, sobre esse assunto. Diz: “Melhor trazer em cachê”. Em seguida, manda uma outra mensagem: “Ok ciente”.