Do G1 PE

A Polícia Civil está ouvindo depoimentos de pessoas que presenciaram o momento em que o administrador Luciano Matias Soares atropelou uma advogada de 28 anos durante um protesto pacífico pedindo o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). O caso ocorreu no Centro do Recife, no sábado (2), e é investigado como tentativa de homicídio.

De acordo com a advogada Priscilla Rocha, que junto com a advogada Tereza Mansi compõe a assistência de acusação do caso, ao menos oito pessoas foram ouvidas até esta segunda-feira (4).

Segundo a Comissão de Advocacia Popular da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), a vítima segue internada em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português. A unidade de saúde não divulgou boletim sobre o estado da vítima, a pedido da família.

A mulher sofreu um trauma na cabeça e precisou passar por cirurgia no tornozelo no dia do atropelamento, depois de romper o ligamento do tornozelo, que foi esmagado pelo carro. O nome da vítima não foi divulgado, por medida de segurança.

g1 perguntou à polícia sobre a previsão de oitiva do acusado, da vítima e de outras testemunhas, mas a corporação informou que “não passa detalhes de diligências para não atrapalhar o andamento das investigações”. O caso está sob a chefia do delegado Elielton Xavier, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Para a advogada Priscilla Rocha, não há dúvidas de que o atropelamento foi intencional. Ela disse que diversas testemunhas do caso têm se disponibilizado para depor à polícia sobre o que presenciaram durante a manifestação.

“Pela manhã, estava sendo ouvida a oitava testemunha, mas tem mais, muito mais gente. Todo mundo que viu diz a mesma coisa. Ele não parou, continuou acelerando e não deu nenhuma chance para que ela saísse da frente. Se ela não tivesse se pendurado, ele teria passado por cima dela tranquilamente. Ela teve o tornozelo esmagado. Poderia ter perdido o pé. Vai ter que reaprender a andar”, afirmou.

A advogada da vítima afirmou ainda que a mulher precisou colocar dez pinos no tornozelo, devido ao esmagamento sofrido.

“Ela está bem, estável, em observação, mas sem previsão de alta. Teve uma fratura craniana, mas os médicos disseram que ela não tem nenhuma sequela neurológica. Ela está em choque, sente muitas dores na cabeça e no pé. Foi uma sorte ela ter conseguido sobreviver. Ela foi muito forte em ter se pendurado no capô”, declarou Priscilla Rocha.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que primeiras ações de polícia judiciária foram realizadas no final de semana por uma equipe da Força Tarefa de Homicídios, com apoio de equipe da Divisão Especializada de Apuração de Homicídios.

“Todas as providências estão sendo tomadas para o esclarecimento dos fatos. No momento, não é possível fornecer mais informações para não atrapalhar o andamento das diligências. A PCPE se pronunciará em momento oportuno”, afirma o texto.

O advogado que defende o administrador Luciano Matias Soares, que atropelou a advogada, afirmou que o acusado registrou um boletim de ocorrência por dano e depredação do seu veículo. O procedimento foi confirmado pela Polícia Civil.

Diferente do que dizem os manifestantes, o motorista afirmou que o medo fez com que ele apertasse o acelerador do veículo, levando a advogada no capô do carro por metros até cair depois da estação de BRT Maurício de Nassau, na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio.

Ainda de acordo com o motorista, que nega ter atropelado a mulher intencionalmente, uma moto e outro carro furaram o bloqueio feito por manifestantes, mas quando ele foi passar, a advogada apareceu, batendo no capô do veículo dele.

Pessoas que estavam no local no momento do atropelamento deram um relato diferente do apresentado por Luciano.

De acordo com as testemunhas, a vítima, junto com outras pessoas, estava tentando mediar a dispersão dos manifestantes, no momento em que foi atropelada.