Preso na Operação Intocáveis II na Cidade da Polícia — Foto: Henrique Coelho/G1

Do G 1 

A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do RJ iniciaram na manhã desta quinta-feira (30) uma operação contra a milícia na Zona Oeste do Rio.

Até a última atualização desta reportagem, havia 33 presos e R$ 13 mil apreendidos. Entre os detidos, está o policial civil Jorge Luiz Camillo Alves, que serve na 16ª DP (Barra). Ele foi levado para a Corregedoria da secretaria.

Outro preso é o ex-PM Paulo Eduardo da Silva Azevedo, conhecido como Bigode. Ele está preso no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

A Justiça emitiu 44 mandados de prisão preventiva e outros de busca e apreensão contra 45 denunciados de pertencer a grupos paramilitares — entre eles, há três policiais civis e seis PMs. Os três policiais civis foram presos.

A 1ª Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado pediu a suspensão das atividades desses policiais até o trânsito em julgado , incluindo a suspensão do porte de arma de todos eles.

Dos seis policiais militares denunciados, cinco foram presos. “A um deles, é imputado de ser uma das lideranças locais. Ele explora toda a atividade criminosa: a cobrança da taxa de segurança, as construções irregulares. Os demais policiais integram o núcleo da segurança, o braço armado desse grupo, e também o grupo financeiro”, explicou o promotor Marcelo Winter.

O coronel Mauro Fliess, porta-voz da Polícia Militar, disse que desvios de conduta não serão tolerados.

“A polícia reforça nossa total intolerância contra desvios de conduta. Não podemos admitir em nossos quadros policiais que cometam crimes. Continuaremos sempre com nossas investigações e apoiando outras instituições sempre que se fizer necessário”, disse o porta-voz.

Celular de Ronnie Lessa usado na investigação

Conversas entre Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco, e o policial civil Camillo Alves foram usadas nas investigações. Jorge Luiz Camilo Alves foi preso e era chefe de investigação da 16ª DP (Barra da Tijuca).

“Quando Ronnie Lessa foi preso, alguns celulares foram apreendidos, houve análise do conteúdo e lá se verificam várias mensagens entre Ronnie e Camilo, além de intermediações com outros agentes. As investigações prosseguem”, afirmou a coordenadora do Gaeco, Simone Sibilio.

O MP destacou que houve uma “intensa sequência de diálogos” entre Ronnie e o policial civil Jorge Luiz Camillo Alves. “Ronnie Lessa, em vários trechos dos diálogos, se refere a ele como o ‘Amigo da 16’, numa referência à delegacia onde o mesmo está lotado”, disse o MP.

A coordenadora do Gaeco disse também que um dos presos na operação Intocáveis, Manoel Baptista, aparece em mensagens, antes de ser transferido para um presídio fora do Rio de Janeiro, conversando com policiais sobre a atuação da milícia em Rio das Pedras e Muzema.

“Eles se falavam entre si. E alguns, mesmo dentro do sistema, continuavam a mostrar essa capilaridade”, explicou Simone Sibilio.

O corregedor da Polícia Civil do Rio, Glaudiston Lessa, afirmou que até agora não há indícios da participação da delegada titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Adriana Belém, no esquema pelo qual Jorge Camilo Luiz Alves, seu chefe de investigação, foi denunciado.

“Se houver algum indício de participação, ela será afastada”, afirmou o corregedor.

Outros investigados

O servidor da Fundação Parques e Jardins Joailton de Oliveira Guimarães foi denunciado mas não teve a prisão preventiva decretada por falta de provas, segundo a coordenadora do Gaeco, Simone Sibilio.

Na lista de denunciados consta o nome de Bruno Pupe Cancella, que foi detido em 2019 por suspeita de lucrar com a construção de shopping e empreendimentos comerciais na Zona Oeste.